E no último dia do mês, é hora de fazer mais um post da Blogagem Coletiva da Liga Blogesfera. A Liga é um grupo no Facebook de interação para blogueiros, e todos os meses os membros votam sugestões de posts para a Blogagem Coletiva, da qual todo mundo pode participar. Como sou apaixonada por literatura brasileira, eu não podia deixar de participar da blogagem desse mês!
Quando vamos definir os melhores nacionais, fica muito amplo escolher entre tantos bons livros. Eu acredito mesmo que a literatura brasileira é de muita qualidade e está cheia de autores talentosos. Mas na verdade, ao invés de fazer uma seleção bem geral, como essa, nós blogueiros que gostamos de literatura nacional poderíamos fazer listas como "Os melhores romances nacionais", "As melhores fantasias nacionais", "Os melhores clássicos nacionais", que deixariam mais fácil fazer uma classificação.
Eu fiz escolhas dentro daquilo que conheço na literatura nacional. Talvez os livros que vou indicar aqui não sejam os preferidos ou mais queridos de todo mundo, mas com certeza fazem parte da lista de livros nacionais que eu não deixaria de citar.
10 livros nacionais para você conhecer
Só para ressaltar: os livros não estão organizados de maneira hierárquica. Não gosto da ideia de fazer um parecer mais importante do que os outros. Por isso, estão listados aqui de acordo com a ordem mais simples de todas, a ordem em que me lembrei de cada um.
1- O tempo e o vento - Erico Verissimo:
Essa lista começa com um saga que é campeã de citações aqui no blog, porque estou sempre falando desse livro. O tempo e o vento é a principal obra do gaúcho Erico Verissimo, e resgata a história da colonização do Rio Grande do Sul e a própria história do Brasil enquanto conta a história de várias gerações das famílias Terra-Cambará ao longo de 200 anos. Os livros O Continente, O Retrato e O Arquipélago têm muitas referências históricas e contam com personagens muito bem construídos, além de estarem repletos de críticas sobre a sociedade brasileira.
2- A hora da estrela - Clarice Lispector:
A hora da estrela é o livro mais famoso de Clarice Lispector, e com certeza não é um história como qualquer outra. Para começar, é uma novela, e não um romance. Uma história curta, com poucos personagens, em que todos os acontecimentos se encaminham para um mesmo rumo. Em segundo lugar, nessa história Clarice criou um narrador-personagem que na verdade está escrevendo a história que estamos lendo, porque tem a necessidade de falar a alguém sobre moça nordestina que viu na rua. Então conhecemos Macabéa, uma pessoa tão simples, que sequer tinha sonhos ou ambições, que vivia por viver, numa realidade tão brutal que nem ela mesma conseguia perceber. É um livro daqueles tão profundos que a gente precisa ler várias vezes para entender melhor. Leia a resenha para saber mais!
3- Cinzas do norte - Milton Hatoum:
O livro mais conhecido de Milton Hatoum pode ser Dois irmãos, mas eu digo que Cinzas do Norte não deixa de ter seu mérito. Essa é a história de Raimundo Mattoso, o filho de um rico industrial da cidade de Manaus, que deseja ser artista, mas vive em pé de guerra com o pai que quer treiná-lo para ser seu herdeiro. É também a história de Alícia, a mãe de mundo, que se casou por interesse, e de Ranulfo, o tio de Olavo, que é o homem que Alícia ama. A história desses personagens que vivem de ódio e rancor é recontada anos depois, por Olavo, o fiel amigo de Mundo. Enquanto acompanhamos a infância e juventude de Mundo, também percebemos a devastação da Floresta Amazônica e forma com que a população carente de Manuas foi submetida a uma degradação humana cada vez maior. É um ótimo livro para conhecermos parte da Região Norte do nosso país, que está tão longe e tão isolada que nós a ignoramos na maior parte do tempo. Leia a resenha!
4- Dom Casmurro - Machado de Assis:
"Afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho?". Esse talvez seja o maior enigma da literatura brasileira, e até quem não gosta de ler, ou não gosta dos livros brasileiros clássicos, já ouviu falar disso. Capitu, a moça dos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada". Quem seria ela? Será que ela amava Bentinho desde a adolescência, como ele gostava dela, ou se casou com ele para conquistar uma relativa ascensão social, e depois o traiu com seu melhor amigo? Essa é a maior dúvida deixada pelo livro, e não importa qual a conclusão que você chegue ao final, porque esse é o segredo: Dom Casmurro é uma armadilha, porque a história é narrada por Bentinho, e por isso, só conhecemos a versão dele. Pode ser que as coisas não tenham acontecido como ele nos conta, porque afinal, ele é um homem extremamente ciumento e está nos contando apenas aquilo que interessa para sustentar sua tese. E, quando temos um narrador que não é confiável, acontece esse tipo de coisa. Não temos certeza sobre aquilo que estamos lendo, e a discussão permanece eternamente. Eu ainda pretendo reler um dia!
5- Vidas Secas - Graciliano Ramos:
Mais uma vez, estamos falando da obra mais famosa de seu autor. Vidas Secas pode ser encarado como uma novela ou como um conjunto de contos. Eu prefiro ver como novela. É a história de uma família de retirantes: Fabiano, Siá Vitória, seus dois filhos (o menino maior e menino menor) e a cadela Baleia. Fabiano e sua família estão fugindo da seca e da fome. Eles são pessoas tão miseráveis, tão expostas à degradação humana, que mal conseguem se comunicar. Esse, aliás, é o motivo de Fabiano ser preso quando se depara com o Soldado Amarelo. Vidas Secas é uma história difícil de se ler, porque retrata uma realidade brutal sem nenhum eufemismo, sem nenhuma vontade de usar palavras bonitas. Também está na minha lista de futuras releituras.
6- Terras do Sem Fim - Jorge Amado:
Assim como Cinzas do Norte, Terras do Sem Fim é um ótimo livro que fica um tanto ofuscado por outras obras de seu autor. Mas eu o considero um livro sensacional, porque retrata de forma muito real os conflitos por terras para a produção de cacau na Bahia, no início do século passado. Uma das partes ou capítulos do livro é chamado de "A terra adubada com sangue", e a imagem deixada por essa expressão é muito forte, porque retrata toda a violência das disputas por terra no nosso país. É perfeitamente possível acreditar que os conflitos mostrados no livro podem ter acontecido de forma semelhante em todo o país. Também estou aguardando a oportunidade de reler, e espero que a TBR colabore comigo!
7- A estrutura da bolha de sabão - Lygia Fagundes Telles:
Esse livro também é figurinha repetida aqui no blog, porque já andei recomendando um conto presente nele, ou mesmo o livro inteiro. Trata-se de uma coletânea de contos de Lygia Fagundes Telles, e embora as histórias incluídas nele não estejam entre as mais famosas da escrita, são algumas das que mais me chocaram e marcaram, porque são as mais sombrias. Não, nenhuma delas é propriamente uma história de terror. São histórias sobre relações pessoais. Mas o ambiente e os conflitos de cada uma delas podem ser assustadores. Como maior exemplo, cito o conto O espartilho, em que a órfã Ana Luisa, vai crescendo e se dando conta de que sua família não era perfeita como parecia, e que sua avó, uma velhinha aparentemente inofensiva, era extremamente preconceituosa e muito perversa, chegando a concordar com ideias nazistas. Essa foi uma das histórias que fizeram com que eu passasse a adorar contos, e também me fez querer ter vontade de ler todos os livros da Lygia Fagundes Telles!
8- Assassinatos na Academia Brasileira de Letras - Jô Soares:
Assassinatos na Academia Brasileira de Letras é um romance policial escrito pelo apresentador de TV Jô Soares. É ambiental no Brasil do século passado, e a história gira em torno da investigação de uma série de mortes de membros da Academia Brasileira de Letras. O serial-killer responsável por todas essas mortes seria um escritor frustrado que nunca foi contemplado com a honra de fazer parte da ABL. E o responsável pela investigação é o detetive Machado Machado, que recebeu o sobrenome Machado por causa de seu pai, e recebeu seu primeiro nome (também Machado) em homenagem a Machado de Assis, pois seu pai era um grande admirador do criador da ABL. A investigação policial acontece em meio a muitas situações cômicas causadas pela personalidade de Machado, que é um grande mulherengo.
9- Boca do Inferno - Ana Miranda:
O livro tem esse nome em referência ao apelido "carinhoso" que o poeta Gregório de Matos recebeu por causa dos poemas satíricos que escrevia, criticando os poderosos e a igreja. Aqui, Gregório de Matos e outras figuras históricas ganham vida, e ficção e realidade se misturam, em um romance histórico que mostra a corrupção da sociedade brasileira no tempo em que o Brasil ainda era colônia de Portugal, no século XVII. Eu falei desse livro em um post bem antigo aqui no blog. Ana Miranda tem outras livros em que escritores brasileiros são retratados como personagens, e vale a pena conhecer o trabalho dela!
10- Memorial de Maria Moura - Rachel de Queiroz:
Memorial de Maria Moura é um dos romances da escritora cearense Rachel de Queiroz, que foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. É a história de Maria Moura, que viu o padrasto matar sua mãe fazendo parecer um suicídio, e então, para se defender, se vingar e evitar que ele fique com sua herança, ela mesma o mata. Agora, ela sabe que pode ser forçada a se casar com um de seus primos, e vai se defender também deles. Maria Moura quer proteger suas terras e sua herança, e reúne um grupo que homens que vão segui-la e protegê-la. Em sua trajetória, ela vai abandonar a figura de "sinházinha", de menina rica filha dos patrões, e embarca em uma aventura de batalhas pela sertão, para conquistar poder e enfrentar seus inimigos.
E então, o que você achou dessa seleção de livros nacionais? Se surpreendeu com a presença de algum deles? Ficou com vontade de ler algum? Eu espero que sim! Não deixe de comentar, para que eu saiba sua opinião!
Por: Lethycia Dias
Ja li Dom Casmurro, eu colocaria na lista O Guarani.
ResponderExcluirTenho um blog literário se quiser conhecer
www.omliteratura.blogspot.com.br
Olá, Daini! Dostei muito de "O Guarani", mas não me dou bem com o estilo do Alencar, vivo uma relação de amor e ódio com ele pois gosto muito dos livros mas detesto o jeito que ele escrevia! kkkkk
ExcluirOie .Tudo bem?
ResponderExcluirDos livros que você citou eu apenas li o "Dom Casmurro" e tenho muita vontade de ler um livro do Jô Soares.
Eu colocaria nessa lista "Éramos seis" ,"O meu pé de laranja lima" e "Olhai os lírios dos campos".
São livros muito lindos.
Meu mundinho quase perfeito
Olá! Recomendo muito os livros do Jô Soares, são super cômicos e muito bem escritos! Acredita que nunca li "O meu pé de laranja lima"? Adoro "Olhai os lírios do campo", e acho que numa próxima lista de livros nacionais ele entra com certeza!
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