Seja bem-vindo ao Loucura Por Leituras, e hoje você está conferindo mais um dos meus Casos de Leitora! Essa foi uma das primeiras colunas que criei aqui no blog, e é onde compartilho com vocês algumas histórias que aconteceram comigo exclusivamente por causa da leitura e do amor pelos livros. Procuro escrever essa história em forma de crônicas, ou seja, textos leves e rápidos, divertidos de se ler. Continue lendo para entender melhor!
Leitura no ônibus
Ah... Estar no ônibus ou metrô, ver alguém lendo ou segurando um livro, e fazer o maior esforço para descobrir qual o título, sem ter de falar com a pessoa! Quem nunca fez isso? Ou iniciar uma conversa com um estranho, sobre o livro que você ou ele está lendo. Por que não?
Com certeza, todo leitor tem uma história como essa. Tenho alguns momentos como esse para compartilhar. Há uns dois anos, quando entrei para o cursinho pré-vestibular, tive que passar a andar de ônibus com frequência, e por isso, passei a colecionar histórias assim.
Uma vez foi uma garota, estudante da Universidade Federal de Goiás, que estava em pé e levava nos braços um livro enorme. Era realmente grande, não estou exagerando. Fiquei quase a viagem inteira tentando olhar a capa do livro, sem sucesso. Hoje, imagino que fosse uma estudante da área de Biológicas, porque sei que os tratados que eles pegam na biblioteca são mesmo bem volumosos, e fico triste de lembrar que ninguém se ofereceu pra segurar o livro por ela; não tenho dúvidas de que era bem pesado.
Tempos depois, foi o cara d'A dança dos dragões. Eu tinha começado a ler As crônica de gelo e fogo, e acho que estava no terceiro livro. Num dia desses no ônibus, com minha visão privilegiada do banco alto, reparei no cara sentado na minha frente. Acho que vi o título do livro na parte interna da página, porque ele estava lendo no momento. E eu com um exemplar de A tormenta das espadas emprestado, fechado no meu colo. Fiquei morrendo de vontade de cutucar o cara, perguntar se acompanhava também a série, se estava gostando do último livro publicado, se muita gente legal morria até lá. "Mas por favor, não me conta quem é, eu não quero sofrer antes da hora!".
Não tive coragem de interromper a leitura dele. Eu sempre me incomodava quando alguém fazia isso comigo, ainda mais se fosse um velhinho, porque então ficava envergonhada e não conseguia ignorar, sempre começava uma conversa mesmo sem ter a mínima vontade de conversar. Mas voltando ao cara, só me lembro que quando o ônibus parou no Terminal Padre Pelágio e todo mundo desceu, fiquei imaginando um momento em que eu o seguia pra poder perguntar sobre o livro, já que em pé e andando ele não poderia ler, e portanto, eu não estaria interrompendo. É óbvio que não fiz isso.
Algumas semanas atrás foi o rapaz do 105 (Terminal Praça A - PC Campus - Via Bernardo Sayão) com o livro do Erico Verissimo. Não sei qual, não deu tempo de olhar o título. Isso porque ele estava alguns bancos atrás de mim, e só reparei porque na hora de descer ele foi com o livro na mão. Deu tempo de ver a capa meio roxa, era uma edição nova da Companhia das Letras. Mas fiquei com aquela vontade de dizer: "Ei, moço, espera! Volta aqui, vamos conversar sobre o livro, eu adoro Erico Verissimo!". Passei os dias seguintes torcendo pra encontrá-lo de novo no 105 a caminho da faculdade.
E, há poucos dias, foi o rapaz da Agronomia. Sei o curso dele porque entrou no 105 no último ponto antes do ônibus sair do campus da UFG, e é ali que fica a Escola de Agronomia. Ele veio, sentou do meu lado, mas bem que poderia ter sentado em qualquer outro lugar, porque havia alguns bancos vazios, coisa raríssima no 105. Mas é que o outro lado era o lado do sol, e lógico que ele pretendia evitar 40 minutos sob o famigerado sol de Goiânia.
Sentou do meu lado. Desviei o olhar do meu livro (não me lembro qual, porque no último mês li vários) e o observei por alguns segundos. Era alto, bonito, tinha uns cachinhos pretos adoráveis. E eu, agora solteira, repentinamente atenta às pessoas à minha volta. Fantasiei um início de conversa com o típico "Que livro é esse?", e então falaríamos um com o outro até o Terminal Praça A. Mas ele podia ser do tipo que se irrita com interrupções, ou a conversa poderia simplesmente morrer quando ele me respondesse, então não arrisquei. Logo, meu corpo sentiu falta da minha soneca pós-almoço diária, e dormi até o ponto final. Não preciso dizer, é claro, que depois me arrependi amargamente.
Nunca mais encontrei a menina do livro imenso, nem o cara d'A dança dos dragões, nem o menino do Erico Verissimo. Porém, o rapaz dos cachinhos eu já vi de novo uma vez. Ficou lendo uma folha cheia de fórmulas matemáticas, e estava acompanhado por amigos, por isso, novamente não houve conversa.
Enfim, ficarei aguardando por uma nova oportunidade de falar com ele, ou com outro leitor do 105. Ou quem sabe, numa próxima vez, eu apenas converse com a pessoa perto de mim, sem nenhum interesse. Quem sabe assim eu descubra uma nova leitura incrível, ou faça uma nova amizade. Por enquanto, eu apenas aguardo. Ainda pegarei muitos ônibus daqui pra frente.
Por: Lethycia Dias
Uma vez foi uma garota, estudante da Universidade Federal de Goiás, que estava em pé e levava nos braços um livro enorme. Era realmente grande, não estou exagerando. Fiquei quase a viagem inteira tentando olhar a capa do livro, sem sucesso. Hoje, imagino que fosse uma estudante da área de Biológicas, porque sei que os tratados que eles pegam na biblioteca são mesmo bem volumosos, e fico triste de lembrar que ninguém se ofereceu pra segurar o livro por ela; não tenho dúvidas de que era bem pesado.
Tempos depois, foi o cara d'A dança dos dragões. Eu tinha começado a ler As crônica de gelo e fogo, e acho que estava no terceiro livro. Num dia desses no ônibus, com minha visão privilegiada do banco alto, reparei no cara sentado na minha frente. Acho que vi o título do livro na parte interna da página, porque ele estava lendo no momento. E eu com um exemplar de A tormenta das espadas emprestado, fechado no meu colo. Fiquei morrendo de vontade de cutucar o cara, perguntar se acompanhava também a série, se estava gostando do último livro publicado, se muita gente legal morria até lá. "Mas por favor, não me conta quem é, eu não quero sofrer antes da hora!".
Não tive coragem de interromper a leitura dele. Eu sempre me incomodava quando alguém fazia isso comigo, ainda mais se fosse um velhinho, porque então ficava envergonhada e não conseguia ignorar, sempre começava uma conversa mesmo sem ter a mínima vontade de conversar. Mas voltando ao cara, só me lembro que quando o ônibus parou no Terminal Padre Pelágio e todo mundo desceu, fiquei imaginando um momento em que eu o seguia pra poder perguntar sobre o livro, já que em pé e andando ele não poderia ler, e portanto, eu não estaria interrompendo. É óbvio que não fiz isso.
Algumas semanas atrás foi o rapaz do 105 (Terminal Praça A - PC Campus - Via Bernardo Sayão) com o livro do Erico Verissimo. Não sei qual, não deu tempo de olhar o título. Isso porque ele estava alguns bancos atrás de mim, e só reparei porque na hora de descer ele foi com o livro na mão. Deu tempo de ver a capa meio roxa, era uma edição nova da Companhia das Letras. Mas fiquei com aquela vontade de dizer: "Ei, moço, espera! Volta aqui, vamos conversar sobre o livro, eu adoro Erico Verissimo!". Passei os dias seguintes torcendo pra encontrá-lo de novo no 105 a caminho da faculdade.
E, há poucos dias, foi o rapaz da Agronomia. Sei o curso dele porque entrou no 105 no último ponto antes do ônibus sair do campus da UFG, e é ali que fica a Escola de Agronomia. Ele veio, sentou do meu lado, mas bem que poderia ter sentado em qualquer outro lugar, porque havia alguns bancos vazios, coisa raríssima no 105. Mas é que o outro lado era o lado do sol, e lógico que ele pretendia evitar 40 minutos sob o famigerado sol de Goiânia.
Sentou do meu lado. Desviei o olhar do meu livro (não me lembro qual, porque no último mês li vários) e o observei por alguns segundos. Era alto, bonito, tinha uns cachinhos pretos adoráveis. E eu, agora solteira, repentinamente atenta às pessoas à minha volta. Fantasiei um início de conversa com o típico "Que livro é esse?", e então falaríamos um com o outro até o Terminal Praça A. Mas ele podia ser do tipo que se irrita com interrupções, ou a conversa poderia simplesmente morrer quando ele me respondesse, então não arrisquei. Logo, meu corpo sentiu falta da minha soneca pós-almoço diária, e dormi até o ponto final. Não preciso dizer, é claro, que depois me arrependi amargamente.
Nunca mais encontrei a menina do livro imenso, nem o cara d'A dança dos dragões, nem o menino do Erico Verissimo. Porém, o rapaz dos cachinhos eu já vi de novo uma vez. Ficou lendo uma folha cheia de fórmulas matemáticas, e estava acompanhado por amigos, por isso, novamente não houve conversa.
Enfim, ficarei aguardando por uma nova oportunidade de falar com ele, ou com outro leitor do 105. Ou quem sabe, numa próxima vez, eu apenas converse com a pessoa perto de mim, sem nenhum interesse. Quem sabe assim eu descubra uma nova leitura incrível, ou faça uma nova amizade. Por enquanto, eu apenas aguardo. Ainda pegarei muitos ônibus daqui pra frente.
Por: Lethycia Dias
Adoro ver pessoas lendo, me sinto mais acolhida com meu vício, hahaha. Sempre faço como vc, tento ver qual é o livro, se já li, se é algum que gostaria muito de ler. Dá vontade de conversar né, rs. Ter mais leitores no mundo é sempre bom, ainda mais aqui no Brasil onde nõa existem muitos que são assíduos. Ler é tão bom, aaa se eles soubessem. :)
ResponderExcluirAh, é verdade, eu também me sinto assim. Dá aquele tiquinho de esperança a mais! Eu não sei o que faria dentro do ônibus se não pudesse ler. Moro longe de tudo, levo duas horas pra chegar na faculdade e não posso desperdiçar esse tempo só olhando pela janela!
ExcluirEu faço muito isso, fico bancando a contorcionista no busão só pra ver o livro que o outro está lendo. E semana passada vi um cara lendi no ponto de ônibus e não resiti, tive que perguntar o que ele estava lendo, rs!
ResponderExcluirHaha, sempre tenho vontade de faze isso! Mas é como eu disse: dá aquele medinho da pessoa ficar irritada, de não gostar de ser interrompida. Eu, pelo menos, não gosto...
ExcluirPior que sempre me interrompem quando leio no ônibus. Mas tem duas meninas no meu fretado que estão sempre lendo. Uma delas carrega edições lindíssimas de colecionador em inglês e a outra lê o que está mais na moda. Eu fico até com vergonha porque as duas estão sempre firmes e fortes na leitura e eu ando tão cansada que largo o livro na mochila e durmo o caminho inteiro. Já quando pego ônibus urbano, não consigo ler. Os motoristas daqui acham que estão em um dos parques da Disney e correm, passam com tudo nos quebra-molas e aí ou você segura o livro ou se segura, sem contar que eu acabo enjoando. Mas no fretado sempre que estou me sentindo bem eu leio. Quanto as meninas, a vontade de conversar sobre os livros é imensa, mas e a vergonha, fica onde??
ResponderExcluirSei bem como é! Tem dias que eu também não aguento ler. Até tento insistir, mas depois de umas páginas já não aguento mais e só torço pra conseguir terminar o capítulo. Aí eu encosto a cabeça no banco e apago, só acordo quando chega no terminal ou quando tem alguma virada assim mais brusca! kkkkk
ExcluirAcho que já to bem acostumada a ler nos coletivos, porque quase nada me incomoda ou atrapalha, só gente com música alta ou os crentes pregando (outro dia apareceu um que tinha até microfone, achei sacanagem).