Confira!

"Naquela manhã de abril, o vento arrebatando-lhe com doçura os cabelos de tons alourados cortados à Chanel, ela entra no Pátio Brasil e pega a escada rolante para o primeiro piso. Shopping cheio.
Nesse mesmo momento ele desce as escadas para o térreo. Postura impecável, cabelo cortado raso e rosto sereno.
Olham-se. Ele relanceia-lhe as pernas bem contornadas. Ela se fixa em seus óculos de intelectual jovem. Ambos sorriem. 
A moça percorre vitrinas elegantes por um bom tempo e quando resolve saborear um suco de frutas, lá estava ele no café, ao seu lado, lendo um livro de Dalai Lama.
- Já que o destino nos pôs no mesmo caminho, unamos nossas mesas e falemos um pouco, disse-lhe o rapaz, sorrindo..."



Autora: Ray Lucena Strehler
Gênero: Contos
Número de páginas: 70
Local e data de publicação: Brasília
Editora: Thesaurus


Um pouco de luz do sol


Quem me acompanha pelo Instagram, Skoob ou pela página do blog no Facebook, sabe que eu ando super enrolada lendo várias coisas ao mesmo tempo, além de estar muito ocupada com a faculdade. No último fim de semana, eu estava esgotada com tudo isso, e resolvi dar um tempinho com Anna Kariênina e Garota Exemplar e com o meu projeto de pesquisa, e só deitar para ler um livro qualquer, sem preocupação com prazos. Com isso, eu não apenas consegui relaxar, como também pude trazer mais uma resenha aqui para o blog.
Olhava o Sol é uma coletânea de minicontos escrita pela professora Ray Lucena Strehler. Os vinte e dois contos reunidos neste pequeno volume são narrativas sutis e quase poéticas, com um ou dois personagens, ou apenas o próprio narrador-personagem-protagonista, em meio aos próprios pensamentos.
A maioria das narrativas capta momentos: um passeio no shopping, uma conversa entre avô e filho, uma oração, a espera por alguém, um almoço em família. Já outras, acompanham um período mais longo, descrito de forma resumida. Mas uma característica comum a todos é o fato de serem curtos e de, muitas vezes, terem sua lógica resumida a uma única frase, um diálogo. Muitos parecem terminar de forma brusca, interrompida, mas essa parece ser essência daquilo que Ray Strehler captou para suas histórias: momentos acabam rápido.

Imagem compartilhada no meu Instagram durante a leitura.
Visite @lethyd ou @loucuraporleituras e acompanhe.
"A surpresa era uma flor de girassol resplandescente,
grande, de talo muito reto, encravada naquele lugar malcheiroso."
Página 22.

Os maiores contos não têm mais de quatro páginas cada um, enquanto os menores têm apenas duas, o que reforça o caráter de narrativas efêmeras. As narrativas variam entre primeira e terceira pessoa. Algumas das histórias acontecem apenas por meio de diálogos; em outras, como Nas águas do Paranoá, são os pensamentos do narrador que constituem a própria narrativa.
Muitos desses contos são poéticos, como construídos a partir de uma forma singular de ver a vida, as pessoas, o mundo, os lugares. Alguns estão ligados a lugares específicos, como A Aura, que se desenrola no Pátio Brasil, um conhecido shopping em Brasília. Outros, não necessitam da especificação de um lugar, tempo ou cidade para acontecerem.
Olhava o sol, a narrativa que dá nome ao livro, é provavelmente a mais poética de todas. A partir do inusitado diálogo entre um escritor e uma flor arrancada do solo, desperta o encanto pela natureza. Acredito que esse seja o motivo de ter sido selecionado para nomear a coletânea, pois os contos parecem ter como objetivo transmitir uma mensagem de encanto, de leveza, de encontro da poesia até mesmo nas coisas mais simples.


As páginas são amareladas e tem textura agradável. O tamanho da fonte é médio e não gera desconforto ou incômodo na leitura. Existem erros ocasionais no texto, que não prejudicam o entendimento.
É um livro leve, e por ter apenas 70 páginas, fácil e rápido de se ler. Recomendo para quem está à procura de uma leitura despretensiosa, sem carga emocional forte e capaz de despertar reflexões sobre a vida.

Avaliação geral:

Aspectos positivos: a leitura é fácil e rápida; as narrativas despertam reflexões poéticas sobre a vida e a simplicidade das coisas.
Aspectos negativos: presença de erros na escrita.

4 Comentários

  1. qnd a gnt ta cheia de coisa na cabeça realmente eh bom pegar um livro de contos e relaxar lendo ele.. eu ate que gosto, mas com uma historia de ficçao, por isso o livro nao me interessou muito

    perolasdelivros.blogspot.com

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    Respostas
    1. Mas os contos são histórias fictícias. Ou você quis dizer fantasia? Eu gosto dos dois gêneros, mas contos me agradam mais e eu considero mais rápidos de se ler. Tenho um gosto bem variado pra livros, acabo lendo de tudo um pouco.

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  2. Oie Lethycia. Ooownt. Eu amo livros assim. Porque me identifico com essa ideia literária. Quero escrever um livro. E quero um assim. Cheio de contos e de fácil leitura. Adorei a indicação e sua forma de escrever. Espero ter a oportunidade de lê-lo. ❤

    ACESSO PERMITIDO. 💥
    www.acessopermitido.com

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    Respostas
    1. Olá, Elcimar!
      Fico muito feliz em receber um comentário carinho igual ao seu. Livros assim me agradam por serem mais simples de se ler e por não conterem muita carga emocional (considerando que no momento estou lendo livros beeem pesados). Nunca pensei em escrever assim, mas desejo que você tenha sucesso com a experiência.
      Espero que possa ler Olhava o Sol e que goste!

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