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Vou apresentar para você a trajetória do escritor brasileiro Erico Verissimo, um dos principais representantes do modernismo brasileiro. Mas primeiro, é melhor relembrar o que foi o movimento modernista!
O Modernismo é um nome genérico dado a vários movimentos culturais que surgiram no início do século XX, e se manifestavam em todas as áreas da arte. A ideia principal era abandonar regras tradicionais e adotar novos estilos artísticos.
O Modernismo chegou ao Brasil em 1922, com a semana de arte moderna. A primeira fase do movimento durou até 1930, e foi marcada pela busca de uma identidade brasileira. Já a segunda fase, da qual falaremos de forma mais profunda, tinha outras características.
A segunda fase do modernismo brasileiro se estendeu de 1930 a 1945. Nesse período, também chamado geração de 30, as ideias difundidas em 1922 já estavam consolidadas. E a literatura brasileira vivia um momento de maturação.
O mundo vivia as consequências da crise econômica de 1929, e países da Europa começavam a ser tomados pelos regimes totalitários. O brasil enfrentava o fechamento de fábricas, o desemprego, a miséria e também uma fase conturbada na política, com o início da Era Vargas.
Os escritores da época viram a necessidade de refletir sobre tais acontecimentos em suas obras. E a partir daí, novos temas tomaram conta da literatura. As obras da época procuravam valorizar a cultura brasileira, abordar problemas sociais da época, e retratar as diferentes regiões do país.
Nessa geração, os grandes nomes da poesia são Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinicius de Moraes. E na prosa, os autores que fizeram que mais se destacaram são Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Graciliano Ramos e também Erico Verissimo. Todos tiveram grande importância, mas é de Verissimo que vamos falar hoje.
Érico Lopes Verissimo nasceu em 1905 na cidade de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. Ele estudou em Porto Alegre, e viveu na capital do estado e também em sua cidade natal durante períodos alternados de sua vida.
Desde muito jovem, Verissimo já demonstrava grande admiração pela literatura, mas seus primeiros textos seriam publicados a partir de 1929, em jornais e revistas locais. No mesmo ano, ele se casou com Mafalda Hanfen Volpe, com quem teve dois filhos: Clarissa Verissimo e Luis Fernando Verissimo. Luis Fernando também se dedicaria, mais tarde, à literatura.
Verissmo teve diferentes empregos quando jovem. Mas foi a partir de 1930, trabalhando na revista do globo, que ele teve estabilidade para escrever. O primeiro livro dele foi uma coletânea de contos, denominada Fantoches e outros contos, publicado no ano de 1932.
Ele complementava sua renda trabalhando como tradutor. E ao traduzir o livro Contraponto, de Aldous Houxley, aprendeu a técnica de escrever diferentes histórias intercalando os pontos de vista dos personagens e fragmentando os acontecimentos. Assim, em 1935, ele publica o romance Caminhos Cruzados, que consiste numa grande crítica social.
Em 1933, ele já havia publicado o romance Clarissa: a história de uma garota do interior que vai morar com os tios em uma pensão em porto alegre. Assim, o livro Caminhos Cruzados é seguido por duas continuações de Clarissa: Música ao Longe e Um Lugar ao Sol.
Mas seu primeiro romance a alcançar verdadeiro sucesso no Brasil e no exterior foi Olhai os Lírios do Campo, publicado em 1938. O título é uma referência ao Sermão da Montanha, proferido por Jesus Cristo, e relatado no Evangelho de Mateus. A obra, porém, não é sobre religião. Assim como em seus romances anteriores, está carregado de reflexões sobre problemas morais, sociais e espirituais vividos pelas pessoas.
No ano de 1943, Verissimo publica O Resto é Silêncio, uma história que acompanha durante dois dias sete diferentes personagens, que têm apenas uma coisa em comum: o fato de terem presenciado a morte de uma garota que caiu de um prédio. Acidente ou suicídio? Só mesmo lendo para saber.
Os anos seguintes, quando ele vive nos Estados Unidos, têm como resultado dois livros de viagens: Gato Preto em Campo de Neve e A Volta do Gato Preto.
E em 1947, ele inicia sua obra mais famosa: O Tempo e o Vento. É uma saga dividia em três volumes, que acompanha várias gerações de membros da família Terra-Cambará, e que conta, ao mesmo tempo, a história da colonização do Rio Grande do Sul, e de certa forma, também a história do Brasil.
A cronologia tem início na primeira metade de século XVII, quando o Rio Grande do Sul era povoado apenas por missões de padres jesuítas que catequizaram os povos indígenas locais, e avança até 1945. Nessa saga estão marcadas a disputa pela terra, a miséria, a política e a cultura do povo gaúcho.
Outra grande característica da saga é a força das personagens femininas. Destinadas apenas ao papel social de esposas e mães, as mulheres em O Tempo e o Vento estão constantemente vendo seus maridos e filhos morrerem nas sucessivas guerras que aconteceram na Região Sul do país. Por terem de enfrentar isso, são retratadas de maneira especial.
Além disso, alguns dos personagens mais marcantes de O Tempo e o Vento ainda são muito queridos por aqueles que apreciam a literatura brasileira. É o caso do mulherengo Capitão Rodrigo, da corajosa Ana Terra, e de sua neta, Bibiana.
Toda essa história foi tão apreciada, que parte dela história foi adaptada duas vezes para a televisão, nos anos 1960 e 1980, e depois para o cinema, no ano de 2013.
O Modernismo é um nome genérico dado a vários movimentos culturais que surgiram no início do século XX, e se manifestavam em todas as áreas da arte. A ideia principal era abandonar regras tradicionais e adotar novos estilos artísticos.
O Modernismo chegou ao Brasil em 1922, com a semana de arte moderna. A primeira fase do movimento durou até 1930, e foi marcada pela busca de uma identidade brasileira. Já a segunda fase, da qual falaremos de forma mais profunda, tinha outras características.
A segunda fase do modernismo brasileiro se estendeu de 1930 a 1945. Nesse período, também chamado geração de 30, as ideias difundidas em 1922 já estavam consolidadas. E a literatura brasileira vivia um momento de maturação.
O mundo vivia as consequências da crise econômica de 1929, e países da Europa começavam a ser tomados pelos regimes totalitários. O brasil enfrentava o fechamento de fábricas, o desemprego, a miséria e também uma fase conturbada na política, com o início da Era Vargas.
Os escritores da época viram a necessidade de refletir sobre tais acontecimentos em suas obras. E a partir daí, novos temas tomaram conta da literatura. As obras da época procuravam valorizar a cultura brasileira, abordar problemas sociais da época, e retratar as diferentes regiões do país.
Nessa geração, os grandes nomes da poesia são Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinicius de Moraes. E na prosa, os autores que fizeram que mais se destacaram são Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Graciliano Ramos e também Erico Verissimo. Todos tiveram grande importância, mas é de Verissimo que vamos falar hoje.
Érico Lopes Verissimo nasceu em 1905 na cidade de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. Ele estudou em Porto Alegre, e viveu na capital do estado e também em sua cidade natal durante períodos alternados de sua vida.
Desde muito jovem, Verissimo já demonstrava grande admiração pela literatura, mas seus primeiros textos seriam publicados a partir de 1929, em jornais e revistas locais. No mesmo ano, ele se casou com Mafalda Hanfen Volpe, com quem teve dois filhos: Clarissa Verissimo e Luis Fernando Verissimo. Luis Fernando também se dedicaria, mais tarde, à literatura.
Verissmo teve diferentes empregos quando jovem. Mas foi a partir de 1930, trabalhando na revista do globo, que ele teve estabilidade para escrever. O primeiro livro dele foi uma coletânea de contos, denominada Fantoches e outros contos, publicado no ano de 1932.
Ele complementava sua renda trabalhando como tradutor. E ao traduzir o livro Contraponto, de Aldous Houxley, aprendeu a técnica de escrever diferentes histórias intercalando os pontos de vista dos personagens e fragmentando os acontecimentos. Assim, em 1935, ele publica o romance Caminhos Cruzados, que consiste numa grande crítica social.
Em 1933, ele já havia publicado o romance Clarissa: a história de uma garota do interior que vai morar com os tios em uma pensão em porto alegre. Assim, o livro Caminhos Cruzados é seguido por duas continuações de Clarissa: Música ao Longe e Um Lugar ao Sol.
Mas seu primeiro romance a alcançar verdadeiro sucesso no Brasil e no exterior foi Olhai os Lírios do Campo, publicado em 1938. O título é uma referência ao Sermão da Montanha, proferido por Jesus Cristo, e relatado no Evangelho de Mateus. A obra, porém, não é sobre religião. Assim como em seus romances anteriores, está carregado de reflexões sobre problemas morais, sociais e espirituais vividos pelas pessoas.
No ano de 1943, Verissimo publica O Resto é Silêncio, uma história que acompanha durante dois dias sete diferentes personagens, que têm apenas uma coisa em comum: o fato de terem presenciado a morte de uma garota que caiu de um prédio. Acidente ou suicídio? Só mesmo lendo para saber.
Os anos seguintes, quando ele vive nos Estados Unidos, têm como resultado dois livros de viagens: Gato Preto em Campo de Neve e A Volta do Gato Preto.
E em 1947, ele inicia sua obra mais famosa: O Tempo e o Vento. É uma saga dividia em três volumes, que acompanha várias gerações de membros da família Terra-Cambará, e que conta, ao mesmo tempo, a história da colonização do Rio Grande do Sul, e de certa forma, também a história do Brasil.
A cronologia tem início na primeira metade de século XVII, quando o Rio Grande do Sul era povoado apenas por missões de padres jesuítas que catequizaram os povos indígenas locais, e avança até 1945. Nessa saga estão marcadas a disputa pela terra, a miséria, a política e a cultura do povo gaúcho.
Outra grande característica da saga é a força das personagens femininas. Destinadas apenas ao papel social de esposas e mães, as mulheres em O Tempo e o Vento estão constantemente vendo seus maridos e filhos morrerem nas sucessivas guerras que aconteceram na Região Sul do país. Por terem de enfrentar isso, são retratadas de maneira especial.
Além disso, alguns dos personagens mais marcantes de O Tempo e o Vento ainda são muito queridos por aqueles que apreciam a literatura brasileira. É o caso do mulherengo Capitão Rodrigo, da corajosa Ana Terra, e de sua neta, Bibiana.
Toda essa história foi tão apreciada, que parte dela história foi adaptada duas vezes para a televisão, nos anos 1960 e 1980, e depois para o cinema, no ano de 2013.
Capitão Rodrigo nas duas adaptações de O Tempo e o Vento, interpretado por Tarcísio Meira (esquerda) e Thago Lacerda (direita). Fonte: Reprodução. |
Mas o livro que Verissimo começou a escrever em 1947 e publicou em 1949 foi apenas o primeiro volume da saga, intitulado O Continente. A segunda parte seria publicada no ano seguinte, 1950, quando o autor voltou a morar no Brasil, e se chama O Retrato. A parte final, O Arquipélago, viria depois de onze anos, em 1961, quando sua saúde já estava bastante frágil.
Em 1966, Verissimo publica sua autobiografia, O Escritor Diante do Espelho, e cinco anos depois, vem o romance Incidente em Antares, que mistura um pouco mais de história com ficção e críticas à ditadura militar, tudo isso retratado em uma cidade fictícia com nome de estrela.
Nos anos seguintes, ele ainda publica uma segunda edição de Fantoches, em comemoração aos 40 anos de lançamento. E publica também o primeiro volume de um livro de memórias, com o nome de Solo de Clarineta. Erico Verissimo faleceu em 28 de novembro de 1975, após um infarto. O segundo volume de Solo de Clarineta foi publicado postumamente.
Verissimo foi um dos escritores brasileiros mais importantes do século passado, não apenas pela saga O Tempo e o Vento, mas por sua obra como um todo. Além das obras citadas, ele publicou ainda outros romances e livros de contos, e também livros infanto-juvenis e relatos de viagens. Os romances estão sempre repletos de reflexões sobre a política e a sociedade. E como ele era um grande amante da música, ela também se faz presente em vários momentos.
Em 1966, Verissimo publica sua autobiografia, O Escritor Diante do Espelho, e cinco anos depois, vem o romance Incidente em Antares, que mistura um pouco mais de história com ficção e críticas à ditadura militar, tudo isso retratado em uma cidade fictícia com nome de estrela.
Nos anos seguintes, ele ainda publica uma segunda edição de Fantoches, em comemoração aos 40 anos de lançamento. E publica também o primeiro volume de um livro de memórias, com o nome de Solo de Clarineta. Erico Verissimo faleceu em 28 de novembro de 1975, após um infarto. O segundo volume de Solo de Clarineta foi publicado postumamente.
Verissimo foi um dos escritores brasileiros mais importantes do século passado, não apenas pela saga O Tempo e o Vento, mas por sua obra como um todo. Além das obras citadas, ele publicou ainda outros romances e livros de contos, e também livros infanto-juvenis e relatos de viagens. Os romances estão sempre repletos de reflexões sobre a política e a sociedade. E como ele era um grande amante da música, ela também se faz presente em vários momentos.
Texto originalmente publicado no blog Entrevistalendo.
Por: Lethycia Dias