Como participante ativa em diversos grupos de leitores no Facebook, percebi várias vezes em outros leitores a tendência incômoda de rejeitar todo e qualquer livro publicado por escritor brasileiro. Muitos simplesmente não leem, mesmo sem saber do que se trata, desde o momento em que identificam o nome ou sobrenome do escritor. Considero essa uma atitude preconceituosa e imatura, e não aprovo de forma alguma que alguém faça isso. Dessa forma, vou enunciar alguns motivos para que nós possamos compreender por que a literatura produzida por aqui deve ser bem-vista, respeitada e até admirada por nós.
Em primeiro lugar, vou ressaltar que também leio livros escritos por estrangeiros. Não sou uma leitora xenofóbica. Como já afirmei em outras postagens, e também no vídeo "Me Conheça Melhor", do canal do YouTube (que comecei recentemente), procuro ler de tudo, tanto porque meus interesses são variados, quanto porque tenho a intenção de ampliar minha visão de mundo. Feito este esclarecimento, vou começar com aquilo que é mais relevante para nós.
1. Existe vida além dos clássicos
Se você pensa que em literatura brasileira as únicas opções disponíveis são volumes antiquíssimos de Machado de Assis, Euclides da Cunha, José de Alencar, Aluísio Azevedo e outros figurões, autores dos chamados clássicos, então está muito enganado! A literatura nacional está repleta de obras geniais, dos mais variados estilos, faixas etárias, gêneros e temas. Seja no campo da literatura adulta, em que se pode apreciar os brilhantes romances de Jô Soares e Paulo Coelho; na literatura regional, onde temos Rachel de Queiroz, Erico Veríssimo, Graciliano Ramos, José Saramago, Bernardo Élis, entre outros; na crônica, onde Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo nos farão morrer de rir; no gênero infanto-juvenil, onde os livros de Sérgio Klein divertem muitas crianças e adolescentes; e até mesmo no estilo fantástico, onde se pode destacar A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr e Os Sete, de André Vianco. Até mesmo as distopias ganham espaço na nossa literatura, com Cidades-Mortas, de Dêner B. Lopes. Nós temos sim, muita variedade, e basta pesquisar um pouco para ficar a par das novidades!
2. Conhecer melhor o território nacional
O Brasil não se resume apenas em Rio de Janeiro, São Paulo e Amazônia. Sim, nossa capital fica no interior, e se chama Brasília. É uma cidade linda, onde nasceram as bandas Legião Urbana e Capital Inicial. E sim, as praias do Nordeste são magníficas, mas o sertão também é habitado. Não vamos nos esquecer da Região Norte, onde, por incrível que pareça, não existe só a Floresta Amazônica. Manaus, por sinal, é uma metrópole regional. E a região Sul não é apenas Gramado, Blumenau e Florianópolis. Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul não vivem somente descentes de alemães, italianos, ucranianos e outros povos europeus. E a Região Centro-Oeste não é um pasto a perder de vista. Por aqui existem grandes cidades, onde existe também produção cultural (ainda que em pequena escala). Por isso, vamos deixar de lado a visão "Sudestecentrista" deixada pelas telenovelas, e vamos aproveitar os livros nacionais para conhecer melhor o nosso próprio país, tão grande, tão diverso, tão rico culturalmente!
3. Variação cultural
Esse tópico está intrinsecamente ligado ao anterior. Cada estado brasileiro possui uma variação em termos de sotaque, gênero musical predominante, tradições populares, costumes folclóricos, etc. Nós, presos ao lugar em que nascemos e crescemos, conhecendo o mundo através da internet, acabamos por nem conhecer direito o nosso próprio país. Tradições culturais são uma característica fundamental de qualquer nação, e é lamentável ver uma população perdendo suas raízes. Ler livros escritos por homens e mulheres que retratam sua própria região pode ser uma boa forma de nos aproximarmos mais das várias culturas praticamente ignoradas dentro da nossa própria cultura.
4. Respeito com o escritor
O que vale é gostar de ler, não é mesmo? Então, se a história for boa, emocionante, bem escrita, se for importante para nós de alguma forma, que diferença faz o lugar de onde veio aquele que a escreveu? Seria extremamente preconceituoso achar que um livro não seja bom só porque seu autor é brasileiro, só porque sua história acontece no Brasil. Nosso país pode ter aspectos ruins, mas não deixa de ser o país em que vivemos. E não é só uma questão nacionalista. Nós, que gostamos tanto de ler, devemos respeito àqueles que escrevem. Até porque, você também sonha em escrever, não será nem um pouco legal renegar suas origens em sua obra.
5. É impossível generalizar
Não se pode dizer que não se gosta de uma coisa sem ao menos conhecê-la. Da mesma forma, não se pode dizer que toda a literatura de um país é ruim, tendo como base alguns livros dos quais não gostamos. Gostar ou não gostar de um livro é algo muito pessoal, e cada um terá os seus próprios motivos e (assim eu espero), seus argumentos que justifiquem tal opinião. Por isso mesmo, não se pode dizer, de forma definitiva, que um livro seja "ruim", pois sempre haverá alguém a quem esse livro vai agradar. Então, se você leu um livro nacional e não gostou, procure dar mais uma chance ao Brasil. Leia outro. De outro estilo ou outro autor. Com certeza vai acabar gostando.
Por isso, leitores, chega de preconceito! Vamos ler também os nacionais!
Por: Lethycia Dias
Em primeiro lugar, vou ressaltar que também leio livros escritos por estrangeiros. Não sou uma leitora xenofóbica. Como já afirmei em outras postagens, e também no vídeo "Me Conheça Melhor", do canal do YouTube (que comecei recentemente), procuro ler de tudo, tanto porque meus interesses são variados, quanto porque tenho a intenção de ampliar minha visão de mundo. Feito este esclarecimento, vou começar com aquilo que é mais relevante para nós.
1. Existe vida além dos clássicos
Se você pensa que em literatura brasileira as únicas opções disponíveis são volumes antiquíssimos de Machado de Assis, Euclides da Cunha, José de Alencar, Aluísio Azevedo e outros figurões, autores dos chamados clássicos, então está muito enganado! A literatura nacional está repleta de obras geniais, dos mais variados estilos, faixas etárias, gêneros e temas. Seja no campo da literatura adulta, em que se pode apreciar os brilhantes romances de Jô Soares e Paulo Coelho; na literatura regional, onde temos Rachel de Queiroz, Erico Veríssimo, Graciliano Ramos, José Saramago, Bernardo Élis, entre outros; na crônica, onde Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo nos farão morrer de rir; no gênero infanto-juvenil, onde os livros de Sérgio Klein divertem muitas crianças e adolescentes; e até mesmo no estilo fantástico, onde se pode destacar A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr e Os Sete, de André Vianco. Até mesmo as distopias ganham espaço na nossa literatura, com Cidades-Mortas, de Dêner B. Lopes. Nós temos sim, muita variedade, e basta pesquisar um pouco para ficar a par das novidades!
2. Conhecer melhor o território nacional
O Brasil não se resume apenas em Rio de Janeiro, São Paulo e Amazônia. Sim, nossa capital fica no interior, e se chama Brasília. É uma cidade linda, onde nasceram as bandas Legião Urbana e Capital Inicial. E sim, as praias do Nordeste são magníficas, mas o sertão também é habitado. Não vamos nos esquecer da Região Norte, onde, por incrível que pareça, não existe só a Floresta Amazônica. Manaus, por sinal, é uma metrópole regional. E a região Sul não é apenas Gramado, Blumenau e Florianópolis. Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul não vivem somente descentes de alemães, italianos, ucranianos e outros povos europeus. E a Região Centro-Oeste não é um pasto a perder de vista. Por aqui existem grandes cidades, onde existe também produção cultural (ainda que em pequena escala). Por isso, vamos deixar de lado a visão "Sudestecentrista" deixada pelas telenovelas, e vamos aproveitar os livros nacionais para conhecer melhor o nosso próprio país, tão grande, tão diverso, tão rico culturalmente!
3. Variação cultural
Esse tópico está intrinsecamente ligado ao anterior. Cada estado brasileiro possui uma variação em termos de sotaque, gênero musical predominante, tradições populares, costumes folclóricos, etc. Nós, presos ao lugar em que nascemos e crescemos, conhecendo o mundo através da internet, acabamos por nem conhecer direito o nosso próprio país. Tradições culturais são uma característica fundamental de qualquer nação, e é lamentável ver uma população perdendo suas raízes. Ler livros escritos por homens e mulheres que retratam sua própria região pode ser uma boa forma de nos aproximarmos mais das várias culturas praticamente ignoradas dentro da nossa própria cultura.
4. Respeito com o escritor
O que vale é gostar de ler, não é mesmo? Então, se a história for boa, emocionante, bem escrita, se for importante para nós de alguma forma, que diferença faz o lugar de onde veio aquele que a escreveu? Seria extremamente preconceituoso achar que um livro não seja bom só porque seu autor é brasileiro, só porque sua história acontece no Brasil. Nosso país pode ter aspectos ruins, mas não deixa de ser o país em que vivemos. E não é só uma questão nacionalista. Nós, que gostamos tanto de ler, devemos respeito àqueles que escrevem. Até porque, você também sonha em escrever, não será nem um pouco legal renegar suas origens em sua obra.
5. É impossível generalizar
Não se pode dizer que não se gosta de uma coisa sem ao menos conhecê-la. Da mesma forma, não se pode dizer que toda a literatura de um país é ruim, tendo como base alguns livros dos quais não gostamos. Gostar ou não gostar de um livro é algo muito pessoal, e cada um terá os seus próprios motivos e (assim eu espero), seus argumentos que justifiquem tal opinião. Por isso mesmo, não se pode dizer, de forma definitiva, que um livro seja "ruim", pois sempre haverá alguém a quem esse livro vai agradar. Então, se você leu um livro nacional e não gostou, procure dar mais uma chance ao Brasil. Leia outro. De outro estilo ou outro autor. Com certeza vai acabar gostando.
Por isso, leitores, chega de preconceito! Vamos ler também os nacionais!
Por: Lethycia Dias