"O futuro dos Sete Reino ainda é incerto - novas ameaças e novos inimigos surgem a cada momento. Além do Mar Estreito, Daenerys Targaryen, a última herdeira da Casa Targaryen, governa uma cidade construída sobre o pó e a morte. Mas seus inimigos são cada vez mais poderosos e farão de tudo para destruí-la. Enquanto isso, dois jovens embarcam em missões distintas, mas que podem mudar o destino da Mãe dos Dragões. No Norte, Jon Snow - 998º Senhor Comandante da Patrulha da Noite - fará de tudo para garantir a segurança da Muralha. Para isso, não hesitará em transformar amigos em inimigos e vice-versa. Traições, revelações, e um fantasma do passado que volta para assombrar quando menos se espera - em todos os cantos de Westeros e Essos, mercadores, foras da lei, meistres, nobres, escravos, soldados e troca-peles estão prestes a encarar fatos inesperados. Alguns fracassarão, outros se aproveitarão das forças sombrias que crescem cada vez mais. Mas, neste momento de inquietude crescente, as marés da política e do destino levarão inevitavelmente à maior dança de todas."
Autor: George R. R. Martin
Gênero: Fantasia
Número de páginas: 1448
Local e ano de publicação: São Paulo, 2012
Tradução: Marcia Blasques
Editora: Leya
Outros detalhes: Edição econômica
Atenção: pode conter spoiler's dos livros anteriores e da série.
Revelando segredos
É quase um alívio chegar ao quinto livro d'As Crônicas de Gelo e Fogo. Ao mesmo tempo, surge aquela inquietação: você sabe que chegou ao último livro publicado, e agora só lhe resta aguardar pela próxima temporada da série, pelo próximo livro, ou por ambos.
A Dança dos Dragões foi, com certeza, o livro que mais me surpreendeu. Além de corresponder a algumas as minhas expectativas sobre os destinos de vários personagens, o quinto livro da série conseguiu me tirar o fôlego em várias ocasiões. Vou tentar explicar tudo isso, sem contar exatamente o que aconteceu.
Vou começar contando o essencial para que você não se perca: A Dança dos Dragões e O Festim dos Corvos são livros paralelos. Se você leu minha resenha do livro 4, deve ter percebido que senti falta de vários personagens, que simplesmente não apareceram. Ouvia-se falar deles, mas seus capítulos não estavam lá. Isso aconteceu porque os livros 4 e 5 são paralelos. Suas histórias acontecem ao mesmo tempo, e eles são organizados por uma divisão geográfica. Em O Festim dos Corvos, temos os acontecimentos de Porto Real, do Tridente, das Ilhas de Ferro e de Dorne - além da viagem de Sam, Goiva, Daeron e Meitre Aemon desde a Muralha até Vilavelha, com escala em Bravos, onde também temos alguns capítulos da Arya. Já n'A Dança dos Dragões, voltamos ao Norte, à Muralha e para além dela; viajamos de Pentos até a Baía dos Escravos. Assim, temos os capítulos de Bran, Jon, Davos, Tyrion, Daenerys e Theon, e também de outros personagens novos, ou de personagens já conhecidos que antes não possuíam ponto de vista próprio. Em determinado momento, a cronologia do livro alcança o final do Festim, e é partir daí que voltamos a ter notícias das Terras Fluviais, de Porto Real e também de Dorne. Parece complicado, mas não é.
O livro começa a nos impressionar no prólogo. Se você é um leitor atencioso, já deve ter percebido que o prólogo dos livros sempre apresenta um personagem desconhecido - e através de seus olhos, somos introduzidos a um novo mistério e/ou uma nova tensão. Invariavelmente, o personagem morre. Nesse caso, nós recebemos explicações algumas coisas que antes não eram claras. No prólogo d'A Dança, Varamyr Seis Peles nos faz compreender melhor o mundo de um warg. E eu garanto: o momento final é de causar arrepios.
Em seguida, nos encontramos com Tyrion. Se você passou todo o livro anterior se perguntando para onde Varys o levou, essa é a hora de descobrir. Mas, como todos conhecemos Varys muito bem, sabemos que ele não faz nada sem exigir um preço, e é óbvio que havia um plano por trás disso. Entretanto, nós levamos muito tempo para descobrir só uma pequena parte da trama - e até o fim do livro, estamos condenados a desconfiar se havia mais, ou se era só aquilo. Pelos olhos do anão mais odiado de Westeros, nós conhecemos um pouco mais sobre as Cidades Livres, e também sobre o Rio Roine e sobre a famosa Volantis. Se você tinha curiosidade sobre Essos, essa é sua grande oportunidade de compreender melhor como vivem as pessoas de lá.
Em Meeren, a Rompedora de Algemas se decide por reinar na cidade que conquistou, determinada a proteger todos os escravos que libertou, e que gosta de chamar de seus filhos. Entretanto, as coisas não são tão simples. Daenerys fez uma legião de inimigos ao abolir a escravidão. Agora, seus libertos e seus Imaculados correm perigo. Além disso, ela precisa fazer de tudo para conquistar a simpatia de seus novos súditos, que a não a respeitam por ser mulher e estrangeira. Seus dragões, já crescidos, são cada vez mais perigosos, e parecem estar fora de controle.
Ao mesmo tempo, na Muralha Jon tenta conquistar o respeito de seus homens, ao mesmo tempo em que precisa encontrar um meio-termo entre suas obrigações de Senhor Comandante, seus votos de homem da Patrulha da Noite, e a vontade de ferro de Stannis. Muito ao Norte da Muralha, Bran Jojen e Meera são levados por Mãos-Frias em direção ao Corvo de Três Olhos. O que acontecerá quando o encontrarem, ninguém sabe dizer.
"O Norte se lembra, Lorde Davos.
O Norte se lembra, e a farsa está quase no fim.
Meu filho está em casa."
Lorde Wyman Manderly. Página 565.
Paralelamente, temos também capítulos de personagens inesperados. Alguns já faziam parte da história, mas não tinham o próprio ponto de vista; quanto aos outros, sequer suspeitávamos de sua existência.
Neste quinto livro, as inúmeras reviravoltas de George Martin se destacam com força total. Sabemos que no Jogo dos Tronos, a cada momento alguém que levava vantagem pode ser derrotado, enquanto alguém que não tinha nenhuma força, rapidamente se ergue e passa a representar uma ameaça. Esse caráter é muito acentuado em A Dança dos Dragões. É aqui que podemos observar cada vez mais as constantes mudanças que influenciam no destino de cada um. Tais mudanças podem ser longas e progressivas; ou, ao contrário, podem ocorrer de uma hora pra outra. Assim, o leitor é constantemente surpreendido, pego de surpresa, e a narrativa é sempre impressionante.
O importante nesse livro é ficar de olho nas revelações que são feitas. Boa parte da trama é composta por segredos que vêm à tona, ou por explicações importantes sobre coisas que nos questionávamos antes. Ou mesmo, sobre coisas que nos passaram despercebidas porque não considerávamos importantes. Quem seriam os filhos da floresta? O que os selvagens sabem sobre os Outros? O Inverno é tão rigoroso assim?
Algumas perguntas como essas são resolvidas ao longo da leitura. Por vezes, a resposta está em um acontecimento explícito, muito fácil de notar. Em outros momentos, a resposta está em algum diálogo, ou na atitude de algum personagem.
Em A Dança dos Dragões, George Martin nos impressiona como sempre, com o universo fantástico que criou, e com sua narrativa que nos dá a capacidade de imaginar tantas coisas incríveis. Este foi o livro que mais me surpreendeu em toda a série. Eu fiquei sem fôlego em inúmeras ocasiões, e agora só posso dizer uma coisa: estou mais do que ansiosa para ler Os Ventos do Inverno, e saber como vão prosseguir as disputas pelo trono, as lutas pela sobrevivência e as vinganças. Que venham mais revelações, mais personagens novos, mais conspirações. Nós vamos adorar!
Aspectos positivos: contém revelações de vários segredos e mistérios; oferece mais informações sobre algumas das cidades livres e seu povo; traz de volta personagens que estavam distantes; a tensão está sempre presente.
Aspectos negativos: o retorno dos personagens de O Festim dos Corvos pode confundir o leitor.
Oi Lethycia, como vai?
ResponderExcluirEu sei, eu sou meio implicante, mas eu não sou muito fã dessas publicações com histórias-fantasia. Até hoje não consigo ler nada que seja de Tolkien. rs
Acho a nossa história, "a que realmente aconteceu", tão rica, tão incrível, que eu prefiro muito mais romances históricos baseados em fatos reais. Por isso eu adoro livros como Invanhoe de Sir Walter Scott, um clássico fundador do gênero, e autores revelações como Conn Iggulden, que lançou a série O Imperador sobre a incrível história de Júlio César, e agora está em outra série sobre Genghis Khan.
Pra te falar a verdade, me deu até um pouco de irritação na última Bienal do Livro, onde em cada estande de qualquer livraria presente podia se ver esses livros com esse nome MARTIN enorme na capa rsrs. Também me irritou a quantidade de estandes com livros religiosos, mas isso é outro assunto.
Mas, claro, não deixo de reconhecer o valor dessas obras para o leitor interessado, que não está nem aí pra minha opinião.
Grande abraço,
Almir Albuquerque
Panorâmica Social
Bom dia, Almir!
ResponderExcluirEu já fui do tipo que só lê livros de ficção e fantasia, principalmente aqueles mesclados com romance, escritos para adolescentes (por exemplo, a Saga Crepúsculo, que eu li quando tinha uns 13 anos, e da qual hoje tenho a maior vergonha de admitir que gostava). Em algum momento, comecei a perceber que livros assim são escritos seguindo basicamente a mesma "fórmula", com poucas variações. Eu me cansei desse tipo de história, e comecei a me aventurar com coisas mais reais. Conheci excelentes escritores brasileiros do século passado, como Erico Verissimo, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Roberto Drummond, que escreviam sobre a realidade à sua volta, e simplesmente me apaixonei. Estava descobrindo o encanto da literatura brasileira, muito além dos clássicos que são indicados para os vestibulares. E posso dizer que me apaixonei! Hoje, eu só leio livros de ficção/fantasia, caso de me interesse MUITO, caso tenha certeza de que o tempo gasto na leitura vai valer a pena.
Conheci o universo de George Martin através da série, quando vi os primeiros episódios. Um dos meus amigos estava lendo os livros, e começou a me emprestar. A série As Crônicas de Gelo e Fogo simplesmente me conquistou. O mundo dos Sete Reinos e toda a história em torno do Jogo dos Tronos me pareceu única. Sei que Martin se inspira muito em Tolkien, e dizem que faz também muitas referências à cultura pop (que ainda não consigo reconhecer), mas considero os livros incríveis!
Quanto à Bienal do Livro, eu creio que também teria me irritado se tivesse ido. As editoras brasileiras dão muita atenção aos livros escritos por estrangeiros com interesses comerciais, negligenciando os escritores brasileiros que produzem algum conteúdo alternativo. Eles acabam ficando ofuscados, deixados não para o segundo plano, mas talvez para terceiro, quarto ou quinto. É claro que isso influencia as preferências dos leitores brasileiros. Mas eu não considero os best-seller's tão ruins assim. Muita gente começa a ler por causa de algum best-seller, e se tivermos sorte, algum dia a pessoa passa a experimentar outros estilos.
Eu confesso que não conheço os livros e autores que você citou. O título "Ivanhoé" não me é estranho. Talvez eu tenha visto um exemplar em alguma biblioteca ou livraria, mas não sei do que se trata. Eu adoro História, e adoraria ler sobre Júlio César e Genghis Khan. Por isso, agradeço pelas indicações.
Obrigada pela visita e pelos comentários! Seu incentivo é muito importante para mim!
Oi Lethycia!
ResponderExcluirAntes de tudo: que resenha bem escrita, moça!! Eu sei o quanto é difícil resenhar um livro como esse, tão cheio de personagens e locais.
Segundo: li a resenha do quarto e fiquei ansiosa, mas agora, lendo essa, tenho a certeza de que tenho que ler os livros o mais rápido possível!! Hahaha
Amei mesmo 💓
Beijos, Lorena
amochilaliteraria.blogspot.com
Olá, Lorena!
ExcluirVocê não sabe como fico feliz em receber um elogio desses! É mesmo muito difícil resenhar um livro assim tão denso, tão cheio de personagens, de histórias paralelas e de revelações. Tudo é spoiler, e fica até difícil resumir a história!
Se ficou ansiosa, então corre pra ler, menina, você vai adorar! Esse livro é incrível, e eu to louca de ansiedade pelo próximo! <3