Cinco anos atrás, quando eu era uma adolescente que não precisava fazer muito esforço para tirar notas altas na escola e tinha muito tempo de sobra, comecei a sofrer de insônia. Na época, esse não era um problema tão grande. Eu tinha só 13 anos, estava na sétima série, e aquilo não era um problema tão grande. Eu apenas não gostava de permanecer acordada enquanto todo mundo estava dormindo, e para me ocupar madrugada adentro, eu lia. Acendia a luz e, deitada na minha cama, lia até sentir sono suficiente para poder enfim dormir. Eu me lembro de ter lido A menina que roubava livros, um volume de 500 páginas, em cerca de cinco dias. E isso não atrapalhava meus estudos, não me deixava cansada, não prejudicava meu dia-a-dia. Me deixava feliz, e meu registro na biblioteca da escola contava com uma longa lista de empréstimos.
Hoje, aos 18, estudo numa Universidade Federal que me exige muita dedicação e esforço. Preciso fazer muitas leituras, e agora estou fazendo disciplinas práticas, para as quais tenho que produzir todas as semanas. Estou participando de um programa de rádio, que compromete meus sábados. Realizo trabalhos voluntários no centro espírita que frequento, o Centro Espírita Doutor Marcelo. Além disso, sou uma pessoa como qualquer outra, e tenho namorado e família, que também geram compromissos. Logo, hoje tenho muito mais responsabilidades do que naquela época.
Continuo tendo insônia. A diferença é que nos últimos cinco anos já procurei diversos métodos diferentes para tentar dormir mais rápido, já não dá mais pra ficar uma ou duas horas lendo no meio da madrugada. Apesar de nunca ter procurado um médico para tentar descobrir a razão do problema (ansiedade? Distúrbios do sono? Preocupação? Estresse?), tenho alguns métodos genéricos, como ouvir música e acender um incenso, para relaxar. E faço isso, porque já não posso abrir mão das minhas preciosas horas de sono. A vida já não é como aos 13 anos, e eu faço inúmeras coisas durante um só dia. Acordo muito cedo, e sempre vou dormir mais tarde do que devia. Por isso, cada minuto de descanso é precioso, e a insônia hoje é uma das minhas grandes inimigas.
A grande quantidade de obrigações e responsabilidades que tenho hoje nem pode ser comparada àquelas que eu tinha cinco anos atrás. Naquela época, eu só precisava ir ao colégio de tarde, e ir ao curso de espanhol duas vezes por semana de manhã. Eu não tinha dificuldades nem na escola e nem no curso, e tinha muito tempo livre. Por isso, naquela época eu conseguia ler dois livros pequenos por semana, e deixava a bibliotecária da escola "doida" quando ela me dava uma indicação e leitura, e eu respondia "Já li esse". Foi por isso que naquela época eu contribuí para que minha turma fosse premiada na gincana do ano como a turma que pegava mais livros emprestados. E é claro, foi por isso que eu fiquei conhecida como a "devoradora de livros".
Hoje, com todos os meus compromissos, as exigências da faculdade, a leitura de textos acadêmicos, os fichamentos, a produção de textos jornalísticos e roteiros de rádio, os passeios com o namorado e os compromissos comuns em família, eu não consigo manter o mesmo ritmo de antes. Ler de madrugada se tornou impossível!
Para falar a verdade, quando eu mais leio é dentro do ônibus, a caminho da faculdade ou de qualquer outro lugar para onde eu tenha que ir. Já falei isso em vários outros posts por aqui, e quem acompanha o blog deve se lembrar.
Eu costumo anotar todos os livros em listas anuais, para não esquecer. Olhando as listas mais antigas, notei que algumas contém duas páginas preenchidas na frente e no verso. Comparei com a lista do ano de 2015, e notei a diferença. Essa tem apenas uma página, com algumas linhas em branco no lado da frente.
Bom, é claro que sei minhas responsabilidades atuais contribuem para o meu desenvolvimento na vida adulta, e que continuarei tendo diversas obrigações a cumprir durante a vida, que exigirão mais ou menos tempo e dedicação em cada fase diferente. Sei também que não posso viver só de leituras (embora eu queira muito isso), mas sinto falta de ler tanto quanto naquela época.
É uma nostalgia alegre, que eu gosto de ficar reproduzindo na minha mente. A biblioteca da escola, tão espaçosa, com tantas estantes, tantos livros de qualidade, com suas meses para fazer trabalhos, seu sofá e poltronas com almofadas tão confortáveis, a bibliotecária mais simpática que já conheci. Todos os intervalos cujo tempo rapidamente se esvaiu enquanto eu sonhava acordada naquela sala, escolhendo o próximo livro que leria vão deixar saudades eternamente, e sei que não vão voltar.
Bem, eu aproveitei o quanto pude aquela época! Hoje, o jeito é fazer o possível para organizar meu tempo, nem que eu demore semanas com um livro só. Mas jamais abandonarei minha paixão!
HAHAHAHAH, sabe que hoje eu estava comentando exatamente isso com um amigo? Na época da escola ( e o meu dia era cheio, estudava em dois períodos, fazia inglês e natação) eu lia muito mais. Terminava um livro em dias, lia no intervalo, no meio de aulas tediosas ( preciso aproveitar meu déficit de atenção, invés de ficar brisando eu lia), e eu era bastante estudiosa. Mas como minhas provas aconteciam de sexta feira, me dava o final de semana de folga, então eu deitava e lia... Hoje em dia eu só leio no ônibus praticamente. Também namoro, o que não acontecia na época, e tinha mais tempo para a família durante a semana também. Namorar é bom mas tira boas horas de leituras seja em passeios, seja em conversas pelo WhatsApp... E o blog também ocupa bastante tempo, mas por incrível que pareça ele me incentiva a ler!
ResponderExcluirBeijos, ótimo texto!!
É isso mesmo! Às vezes fica até difícil conciliar tanta coisa, e é sempre o blog que acaba sendo deixado pra depois.
ExcluirOi, Lethycia! Nossa, me identifiquei muito com seu post! Também sou universitária e toda a demanda de estudos acaba limitando a quantidade de livros que consigo ler. O que não dá mesmo é para abandonar essa prática maravilhosa e que nos proporciona conhecer tantas histórias legais.
ResponderExcluirBeijos
http://tudoqueeuli.blogspot.com
Olá, Erica! Vejo que é nova aqui, e espero que tenha gostado do conteúdo, e que volte mais vezes.
ResponderExcluirÉ isso mesmo que acabada acontecendo. Mas abandonar é impossível!
Logo estarei fazendo uma visitinha no seu link!
Um abraço,
Lethycia Dias