Confira!

"Nascido na Filadélfia no final do século XVIII, Hugh Glass, um apaixonado por viagens, decide, ainda muito jovem, se aventurar no mar e sai de casa para trabalhar em navios mercantes. Certo dia, a embarcação em que está é capturada por piratas e ele não tem outra opção a não ser se tornar um deles. Algum tempo mais tarde, a cidade em que os piratas estão aportados é incendiada, e Glass aproveita para fugir do bando corsário, mas acaba prisioneiro de uma tribo de índios nas planícies entre os rios Platte e Arkansas. Quando consegue escapar, decide trabalhar na Companhia de Peles Montanhas Rochosas. Sua rotina consiste em percorrer com os colegas o oeste inexplorado dos Estados Unidos, caçando e se protegendo de perigosos índios e do terrível clima das montanhas. Então, em uma das caçadas, Glass termina gravemente ferido após sofrer um violento ataque de um urso-cinzento. Dois colegas da companhia são designados para cuidar dele, mas o abandonam, levando consigo as armas. Deixado para trás sem meios de se defender, Glass agora só consegue pensar em vingança, e vai atravessar mais de cinco mil quilômetros, sobrevivendo à fome, ao frio e aos perigos do território inóspito para encontrar os homens que o traíram.

Autor: Michael Punke
Gênero: Drama
Número de páginas: 270
Local e data de publicação: Rio de Janeiro, 2016
Tradução: Maria Carmelita Dias
Editora: Intrínseca


Uma jornada impressionante


Descobri a existência desse livro por causa do filme inspirado nele, que rendeu o tão esperado Oscar ao Leonardo DiCaprio. Acho que com muita gente foi assim, e creio que esse livro, apesar de publicado em 2002, só chegou ao Brasil este ano graças ao sucesso do filme.
No post sobre a Turnê Intrínseca de 2016, eu contei a vocês que meu namorado ganhou um exemplar d'O regresso durante o evento, e que depois que ele lesse, eu também leria o livro para trazer a resenha a vocês. Demorou um pouco, porque o ritmo de leitura dele é bem diferente do meu, e também porque precisei encaixar o livro no meu "cronograma" de leituras.
O regresso é a incrível história de Hugh Glass, um caçador de peles que sobreviveu ao ataque de uma ursa cinzenta, e que partiu em busca dos homens que o abandonaram à própria sorte, para  poder se vingar. Hugh teve uma vida de viagens, perigos e aventuras, e nunca se prendeu a um lugar só, até decidir trabalhar para a Companhia de Peles Montanhas Rochosas. Após o ataque do urso, dois companheiros devem permanecer ao seu lado, e vigiá-lo até que ele morra, para depois enterrarem seu corpo; mas esses homens, John Fitzgerald e Jim Bridger, o abandonam, além de roubarem seu rifle, sua faca, e seus instrumentos para fazer fogo - objetos imprescindíveis para sua sobrevivência. Ele está sozinho, indefeso e gravemente ferido em uma das regiões mais hostis dos Estados Unidos durante o início do século XIX, e embora tudo indique que a morte é certa, ele sobrevive e passa a cultivar a ideia da vingança como um impulso para continuar caminhando dia após dia.
Preciso alertá-los sobre duas coisas a respeito desse livro.
A primeira é de que a parte inicial da história se trata de sobrevivência. Enquanto lia, eu me lembrei de um programa de TV chamado Sobrevivi, exibido no Discovery Channel entre 2005 e 2012. Isso porque o programa apresentava histórias reais de pessoas que sobreviveram a situações extremas - ficar perdido no deserto; sofrer um acidente de avião; ser atacado por um animal selvagem - e mostrava simulações muito reais das situações que essas pessoas enfrentaram. Era preciso ter "estômago" para assistir ao programa, se vocês me entendem; e a mesma coisa acontece com o a primeira parte do livro. Glass sente dor; Glass come carne crua; Glass se arrasta pelo chão. E por isso acredito que nem todo mundo persistiria na leitura desse livro, pois os trechos das primeiras 100 páginas são chocantes e dão muita agonia.
O segundo alerta é de que estamos falando de uma história baseada em fatos. Ao final, o livro conta com notas históricas, onde o autor nos explica o que é verdade e o que é ficção na sua obra. Eu esperava encontrar explicações sobre os fortes militares da região por onde Glass passa e sobre as lutas entre os indígenas e os homens brancos, mas encontrei algo surpreendente: Hugh Glass, a Companhia de Peles Montanhas Rochosas, John Fitzgerald, Jim Bridger e outros personagens dessa história realmente existiram. Alguns dos personagens são fictícios, e vários fatos relativos às vidas dos personagens reais também foram inventados. Mas boa parte da história foi inspirada na realidade, e ao final, o autor deixa as referências de sua pesquisa.
Não é um livro para qualquer leitor, mas é uma história muito bem escrita sobre uma jornada que com certeza deve ter ficado no imaginário dos norte-americanos durante a época e através do tempo, até hoje. Se não fosse assim, Michael Punke não a teria escrito em forma de literatura.

Foto compartilhada no meu Instagram durante a leitura.
Visite @lethyd e acompanhe!
"O homem ferido encarou a abertura na mata por onde os dois tinham desaparecido.
[...]Não queria mais nada no mundo a não ser pôr as mãos no pescoço daqueles dois
e sufocá-los até a morte."
Página 11.


A história é narrada em terceira pessoa, e procura mostrar os pontos de vista de vários personagens. Embora o personagem principal seja Glass, outros personagens de destaque como o capitão Henry, Bidger e Fitzgerald também têm seus momentos de narração da história. E até personagens que aparecem apenas durante alguns páginas, como o índio Cavalo Amarelo e o major Constable, acabam tendo seus sentimentos e pensamentos revelados. Esse foi um aspecto da narrativa que me surpreendeu e me agradou muito, pois mesmo quando os personagens era apenas coadjuvantes, Michel Punke deu importância a eles.
A narrativa alterna entre presente e passado. Se no prólogo, Glass está lutando contra as dores e vendo seus companheiros o abandonarem, no primeiro capítulo estamos de volta ao acampamento da Companhia de Peles Montanhas Rochosas, antes do aparecimento da ursa. À medida em que a história avança, Punke nos traz o passado de nossos personagens, o que nos ajuda a entender parte da personalidade de cada um deles. Também conhecemos a história completa de Glass, e descobrimos que ele teve uma vida cheia de aventuras.
Se você ficou preocupado(a) com o que falei acima sobre as partes chocantes do livro, não se preocupe. Antes da metade do volume, esse relato de sobrevivência termina, e é substituído por mais aventura. A história pode ser sobre vingança, mas Punke a escreveu pontuando o ódio e o rancor de Glass com momentos impressionantes proporcionados pelo contato com a natureza e pelos imprevistos do caminho. As paisagens descritas são maravilhosas, e é muito interessante verificar o conhecimento dos personagens sobre a caça, sobre como reconhecer sinais de acampamento recente, sobre como produzir remédios naturais. Há momentos em que Glass convive com duas diferentes tribos indígenas, e é também muito interessante ver a troca de vivências entre ele e os índios. Uma coisa muito presente no livro são as disputas entre os homens brancos e os indígenas: algumas etnias mantém relações pacíficas com os americanos e franceses; outras são agressivas e perigosas; mas de certa forma, podemos perceber com atenção que esses povos indígenas estão aos poucos perdendo seus locais habitáveis e suas identidades.
Infelizmente, o fim da história não é nem um pouco impressionante. Não vou contar o que acontece, mas digo que fiquei um tanto decepcionada. Quando Glass finalmente tem sua chance de se vingar, as coisas não se desenrolam como a gente espera, e o último capítulo com o ponto de vista dele termina de forma inesperada, sem deixar claro o que acontece depois. Por causa disso, o que mais me agradou no livro foram as referências históricas, o fato de parte da história ser verdadeira, e também toda a aventura narrada.
Recomendo o livro para quem gosta de histórias de aventura e de romances históricos.

Aspectos positivos: a narrativa dá importância a diversos personagens, mostrando seus pontos de vista; a linguagem é acessível para todas as idades; as partes chocantes tornam a história mais real; as explicações sobre os fatos históricos e as referência bibliográficas presentes no fim do livro mostram a dedicação do autor ao escrever; toda a história de Hugh Glass é impressionante.
Aspecto negativo: o fim da história pode não agradar a todos.

Avaliação geral:


Por: Lethycia Dias

7 Comentários

  1. Oi, Lethycia!
    Olha, vou ser bem sincera e dizer que não achei esse livro lá essas coca-colas e Leo DiCaprio poderia ter ganhado o Oscar por outros papéis melhores.
    Pelo que percebi, o livro parece ser um cadinho melhor que o filme. Um dia, quem sabe, eu leio.
    Beijos
    Balaio de Babados

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    Respostas
    1. Oi, Luiza!
      O que me surpreendeu no livro foi mesmo a aventura, tanto é que o final me fez tirar uma estrela da avaliação. Mas ouvi falar tão bem, sabe? Ainda não vi o filme, tava aguardando pra depois da leitura.
      Obrigada pelo comentário e pela sinceridade da opinião.

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  2. Assim como você, meu amor,lendo o livro fiquei incomodado com as partes feias que incomodam,o comportamento e instinto humano é digno de consideração em O Regresso, tais como a vingança, o vício, o medo, a coragem. A leitura foi bem proveitosa, no começo foi dificil acostumar com a idéia que o livro seria uma história de vingança mas ele vai além, Michael Punke conseguiu misturar diferentes paisagens, tribos indígenas e personagens para complementarem e deixarem a história mais fascinante ainda! Foi uma boa resenha, parabéns , amor!

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    Respostas
    1. Olá, meu bem!
      Sempre fico feliz vendo um comentário seu por aqui!
      A leitura do livro foi maravilhosa, se ignorarmos as partes incômodas (sei que não falei nem metade delas na resenha). Mas todos os outros elementos que o autor usou para compor essa história fizeram com que ela fosse incrível e muito boa! Tão boa, que fica difícil acreditar que o Glass existiu de verdade.
      Muito obrigada por ter emprestado o livro, e por ter deixado seu carinho aqui neste comentário. <3

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  3. Oi Letícia que coincidência assisti o filme ontem e achei muito bom e mais incrível ainda achei seu blog..já fiquei interessada vou colocar na minha listinha, preciso...adorei a resenha bj vlw pela dica

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    Respostas
    1. Olá, seja bem-vinda ao Loucura Por Leituras, e fico muito feliz que tenha gostado da resenha e do blog como um todo. Ainda não assisti ao filme, mas já está na minha lista de desejos também. Obrigada pela visita e pelo comentário!

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  4. Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Adorei O regresso, porque tem toda a essência do livro mais uma produção audiovisual incrível. . O trabalho de Alejandro González Iñárritu sempre me deixa satisfeito. Tem uma visão muito particular na hora de dirigir seus filmes. Sou fã de filme do Tom Hardy, por que ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções na minha opinião, foi muito bem aceito.Considero que madurou como ator.

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