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Resenha: O Príncipe
"Sob a atmosfera inquieta da Renascença e dominado pela ideia da unidade italiana, Maquiavel escreve O Príncipe. Nele tenta definir o poder, as formas de governo, as virtudes do soberano e uma nova forma do fazer político. O texto reflete as condições da época, o combate às tradições medievais e é notável a abordagem livre de fatos históricos. Maquiavel deixou como legado, sobretudo com este escrito, uma contribuição essencial para a ciência política. Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu em Florença, em pleno Renascimento. Tendo ingressado na carreira pública, e nela ficado por 14 anos, conheceu bem a política, seus meandros - experiência essa decisiva para o desenvolvimento de seu pensamento e obra. Além de O Príncipe, escreveu também os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, entre outras obras."


Autor: Nicolau Maquiavel
Gênero: Filosofia
Número de páginas: 98
Local e data de publicação: Rio de Janeiro, 2014
Tradução: Lívio Xavier
Editora: Nova Fronteira
Onde comprar: Amazon | Fnac
*Esta é uma resenha feita por uma pessoa acostumada a ler literatura, com pouco entendimento sobre Filosofia ou Ciência Política; é uma resenha baseada em uma leitura feita por fins meramente curiosos, e voltada para pessoas com interesses afins. Não se trata de um estudo ou resenha acadêmica.

Manual político


Minha segunda leitura de 2017 foi de um livro definitivamente inusitado julgando de acordo com o que vocês costumam me ver resenhando aqui no blog. Mas, como eu sempre digo, gosto de diversificar as leituras. Eu já tinha lido trechos de O Príncipe no Ensino Médio e na faculdade, e tinha curiosidade para ler o livro inteiro. Um dia, enquanto olhava as ofertas da Amazon, me deparei com alguns livros dessa coleção da Editora Nova Fronteira, e acabei comprando.
O Príncipe é um livro um tanto difícil de definir. Pode ser compreendido como uma descrição completa de como funcionavam os Estados na época de seu autor, além de uma espécie de manual de como conquistar e manter o poder (também de acordo com as condições da época). Foi escrito em 1513, com dedicatória para Lourenço II de Médici, governante de Florença, e publicado postumamente, em 1532.
Para Maquiavel, existiam apenas duas formas de governo: a república e o principado (que acredito que possa ser compreendido como reino ou império). Ele deixa de lado a república, sobre a qual escreveria mais tarde em Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (também publicado depois de sua morte), para tratar exclusivamente dos principados.
Maquiavel utiliza seu conhecimento sobre política e faz referências históricas para dar uma série de conselhos a reis, príncipes e outros governantes. Toda a obra é influenciada pelo contexto histórico, visto que Maquiavel fala de política a partir da realidade que a Itália enfrentava, dividida entre vários principados em guerras constantes entre si ou com países vizinhos.
Por falar da política como ela realmente acontecia, sem fazer idealizações, o tratado de Maquiavel é considerado a primeira obra de Ciência Política, embora esse campo de estudos ainda não existisse no século XVI.

Foto compartilhada no meu Instagram durante a leitura:
Visite @lethyd ou @loucuraporleituras e acompanhe!
"Os homens trilham quase sempre estradas já percorridas.
Um homem prudente deve assim escolher os caminhos já percorridos pelos grandes e imitá-los;
assim, mesmo que não seja possível alcançar totalmente as virtudes dos grandes,
sempre se aproveita muita coisa."
Página 20.

A despeito do conteúdo profundo e com grande quantidade de informações, o livro é curto: tem menos de cem páginas nessa edição, que é em capa dura. O livro é dividido em 26 capítulos, que organizam o texto de maneira bem racional, de forma que, se for preciso consultar o livro com interesse em encontrar um único assunto específico, é possível encontrá-lo de acordo com os títulos dos capítulos.
A linguagem é bastante formal, e o tradutor, Lívio Xavier, conservou usos da linguagem característicos da época, o que eu acredito que seja usual na tradução de livros como esse, visto que me lembro da linguagem bem parecida (ou igual) nos trechos que li anteriormente tempos atrás. Xavier, que também foi responsável pelo prefácio e pelas notas de rodapé, fez um ótimo trabalho. Tanto o texto de apoio presente no início quanto as notas auxiliam muito a compreensão. O livro ainda inclui um glossário com informações sobre as figuras políticas e históricas citadas por Maquiavel, além de uma carta de Maquiavel para Francesco Vettori, Embaixador de Florença de 1513 a 1515.
Os conselhos dados por Maquiavel são bastante lógicos, e embora hoje em dia estejamos inseridos em outro contexto político-histórico-social, é perfeitamente possível entender por que ele considera uma coisa mais aconselhável do que outra (mesmo que não concordemos ou não consideremos ético para os padrões de hoje em dia).
As referências históricas que ele utiliza são principalmente na Antiguidade Clássica (Grécia e Roma Antigas) e do passado recente dos principados italianos e de outros reinos vizinhos, como a França. A única dificuldade que tive com o livro foi quanto a isso, pois muitas das personalidades citadas por Maquiavel não são (bem) conhecidas por nós.
O livro é bastante bonito, a diagramação é confortável, e o tamanho da fonte, normal: nem muito grande nem muito pequena. Minha única queixa é sobre o fato de as notas estarem no final. Quem gosta de ler as notas ou precisa delas para entender melhor (e as duas alternativas são o meu caso) sabe o incômodo que é ter que marcar a página e se dirigir ao fim do livro para poder encontrar a nota.
Recomendo o livro para quem tem curiosidade sobre Filosofia, sobre Ciência Política ou sobre Maquiavel.

Avaliação geral:

Onde comprar:

Aspectos positivos: utiliza referências históricas; o texto é bem-estruturado e organizado; a edição inclui um prefácio bastante informativo, notas de rodapé e glossário, além da carta de Maquiavel a Vettori.
Aspecto negativo: as notas de rodapé estão localizadas no fim do livro, o que pode ser uma distração ou incômodo para os leitores.

Por: Lethycia Dias

Esse foi o segundo livro lido para o Bingo Literário, na categoria "Gênero de que menos gosto".


2 Comentários

  1. É raro um escritor gostar de um resenhista, haja que com frequência abastada, a maioria avassaladora deseja na resenha criar à sua história ao invés de se calçar dos encantos que não são seus, mas sim do que aconteceu muito tempo depois, onde uma obra literária mostra ali à sua marca de valor para à história.
    Foi gostoso te ler, ainda mais para quem pensa que conhece, Maquiável, e o seu predileto: O Príncipe!
    Abraço amigo.
    Nelson Teixeira

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    Respostas
    1. Olá, Nelson! Algumas pessoas na hora de resenhar acabam errando feio! Eu tento ser bastante honesta e cautelosa. Erro sim, não nego, mas como você parece ser um bom observador e bem crítico com resenhistas, fico feliz de não ter te desagradado!

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