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Na última quarta-feira, dia 03, quem gosta de literatura brasileira foi surpreendido por uma notícia realmente boa: Lygia Fagundes Telles foi indicada ao Nobel de Literatura. A União Brasileira dos Escritores (UBE) encaminhou a indicação para a Academia Sueca, e no mesmo dia a notícia rapidamente se espalhou pela rede.
Ela foi escolhida pelos membros da UBE de forma unânime, e segundo Durval Noronha Goyos, presidente da instituição, "Lygia é a maior escritora brasileira viva e a qualidade de sua escrita é inquestionável".
Vários brasileiros já foram indicados ao Nobel de Literatura, entre eles Jorge Amado e Ariano Suassuna, mas nenhum foi premiado. Entretanto, nenhuma mulher brasileira foi indicada antes: Lygia é a primeira. Além disso, o português José Saramago foi o único escritor de Língua Portuguesa a receber a honraria.
O Prêmio Nobel é um conjunto de prêmios internacionais anuais em reconhecimento aos avanços culturais e/ou científicos, criado pelo inventor sueco Alfred Nobel. No campo da literatura, o prêmio é concedido desde 1901. Quem escolhe o escritor ou escritora a ser premiado(a) é a Academia Sueca, e esse é considerado o prêmio mais distinto que alguém pode receber na literatura.

Para saber mais sobre essa escritora brasileira, continue lendo esse post, e entenda por que eu fiquei tão empolgada ao saber da notícia:

Uma breve biografia


Lygia Fagundes Telles, nascida Lygia Azevedo Fagundes, nasceu em 19 de abril de 1923, em São Paulo, sendo a quarta filha de Durval de Azevedo Fagundes e Maria do Rosário Silva Jardim de Moura. Devido à profissão do pai, que era delegado e promotor público, ela passou a infância em cidades do interior. O sobrenome Telles, pelo qual ela é hoje em dia conhecida, vem de seu casamento com Goffredo da Silva Telles Jr. (1950). Não se sabe muito sobre este primeiro período de sua vida, até o momento de sua primeira publicação.
Erico Verissimo, com quem Lygia se correspondia.
Fonte: Reprodução. Releituras.
Seu primeiro livro foi publicado em 1938, quando ela tinha apenas quinze anos, e foi uma coletânea de contos intitulada Porão e Sobrado. Conta-se que aos dezoito anos, publicando novas obras, ela se correspondia por cartas com Erico Verissimo. Na mesma época, no ano de 1941, ela ingressou nocurso de Direito da Faculdade do largo de São Francisco, além de já ter concluído o curso de Educação Física na Escola Superior de Educação Física. Na época, a carreira de advocacia era considerada exclusivamente masculina (como muitas outras profissões foram durante muito tempo, e algumas ainda são hoje em dia). Com poucas mulheres na turma, ela enfrentou o sexismo dos colegas homens. Durante o curso, ela integrou a Academia de Letras da faculdade, escrevendo para os jornais Arcádia e A Balança. Ela trabalhava para seu próprio sustento e para pagar os estudos no Departamento Agrícola do Estado de São Paulo, e nessa época, conheceu Hilda Hilst, a poetisa que viria a ser sua melhor amiga.
Ela passou a assinar suas obras com o sobrenome do marido a partir de 1950, ano em que se casou com Goffredo da Silva Telles Jr., e mudou-se com ele para o Rio Janeiro, devido às obrigações de Goffredo como deputado federal. Seu único filho nasceu em 1954, chamado Goffredo da Silva Telles Neto. Neste ano, ela escreve seu primeiro romance, Ciranda de Pedra, que foi adaptado em forma de telenovela duas vezes pela Rede Globo. No ano de 1960, ela se separa do marido.

Passeata dos Cem Mil (1968).
Fonte: Reprodução. Joaquim Livros e Discos.
Pouco depois, no ano de 1968, ela mostrou sua consciência política. Esteve presente na Passeata dos Cem Mil, que juntou intelectuais, artistas e vários outros setores da sociedade brasileira, contra a Ditadura Militar.
No ano de 1970, Lygia recebeu o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, na França, pele livro de contos Antes do Baile Verde, publicado no mesmo ano. Três anos depois, publica o romance As Meninas, ganhando o prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras; o prêmio Jabuti, da câmara Brasileira do Livro; e  o prêmio de ficção da Associação Paulista de Críticos de Arte.
Em 1982, foi eleita para a 28ª cadeira da Academia Brasileira de Letras. Em 1995, recebeu novamente o Prêmio Jabuti, dessa vez pelo livro Invenção e Memória. Em 2001, ainda recebeu o título de doutora honoris pela Universidade de Brasília. Recebeu, em 2005, o Prêmio Camões, pelo conjunto de sua obra.

Minha experiência de leitura:


O primeiro livro de Lygia Fagundes Telles que eu li foi a antologia Oito Contos de Amor, cujo próprio nome é auto-explicativo. Na época eu devia ter cerca de treze anos, e confesso que apenas duas histórias me chamaram a atenção. Mas só fui realmente conhecer a escrita de Lygia Fagundes Telles aos 16 anos, quando estava no Ensino Médio. Eu havia visto o remake da novela "Ciranda de Pedra", e ao encontrar o livro na biblioteca do colégio, decidi ler. Acabei descobrindo que a novela não era nem um pouco fiel à obra, mas isso não vem ao caso.
Mas a famosa biblioteca da escola, da qual eu falo com tanta frequência aqui no blog, foi a grande colaboradora para que eu descobrisse grandes escritores da literatura brasileira. Entre eles, Lygia não podia faltar. Depois de Ciranda de Pedra, li todos os livros de contos de Lygia aos quais tive acesso quase que compulsivamente. Eu nem precisava ler a sinopse para me interessar: bastava que o nome dela estivesse escrito na capa. Isso influenciou muito a minha vontade e ler e escrever contos, e continua influenciando até hoje, pois eu morro de vontade de comprar um exemplar de todos os livros que li naquela época.
Foram vários títulos: O Jardim Selvagem, Seminário dos Ratos, A Estrutura da Bolha de Sabão, Antes do Baile Verde. Todos continham histórias de grande importância para mim, muitas divertidas e inusitadas, algumas com grandes críticas sociais, outras refletindo sobre a condição feminina na sociedade, e outros que me deixaram chocada.

Livros de contos de Lygia Fagundes Telles.
Editora Companhia das Letras.

A escrita de Lygia Fagundes Telles é leve e sutil, do tipo que só se percebe as nuances com muita atenção. É ao mesmo tempo marcante, deixa determinado trecho em nossa memória, que ficamos sempre reexaminando.
Toda essa leitura contribuiu para o meu amadurecimento, tanto como leitora, quanto como escritora. Aprendi a valorizar mais a literatura brasileira, a gostar mais de ler e escrever contos, e também a analisar a sutileza do conto.
Minha admiração pela Lygia Fagundes Telles é tão grande que mal consigo expressar a felicidade que tive ao saber da indicação ao Nobel Literatura. Eu espero, com toda a sinceridade, que ela seja premiada, projetando assim a literatura brasileira pelo mundo, e também a literatura feita por mulheres, que merece grande reconhecimento.

Indicação


De forma paralela a esse post, gravei um vídeo para o meu canal indicando o conto Antes do baile verde, que deu origem ao livro de mesmo nome:



Por: Lethycia Dias.

Referências Bibliográficas
CASARIN, Rodrigo. Lygia Fagundes Telles é indicada ao Nobel de Literatura. Blog página cinco. Uol Entretenimento. Disponível em: <http://paginacinco.blogosfera.uol.com.br/2016/02/03/lygia-fagundes-telles-e-indicada-ao-nobel-de-literatura/>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2016.
BEZERRA, Elvia. ALMEIDA, Elizama de. Lygia Fagundes Telles indicada ao Nobel. Blog do IMS. Disponível em: <http://www.blogdoims.com.br/ims/lygia-fagundes-telles-nobel>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2016.
Lygia Fagundes Telles. Wikipédia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lygia_Fagundes_Telles>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2016.
Nobel de Literatura. Wikipédia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Nobel_de_Literatura>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2016.
Prêmio Nobel. Wikipédia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9mio_Nobel>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2016.
SARMENTO, Luciana. HuffPost Brasil. Disponível em: <http://www.brasilpost.com.br/2016/02/03/lygia-fagundes-telles-nobel-literatura_n_9151564.html>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2016.

6 Comentários

  1. Olá!
    Que notícia boaaaa. Já ouvi muito bem a respeito do trabalho dela, e é realmente gratificante.
    Adorei seu blog, já estou seguindo.

    Beijão
    Leitora Cretina

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Que bom encontrar alguém que concorda comigo.
      Aproveite a oportunidade para conhecer melhor a obra dela.
      Muito obrigada por visitar, comentar e seguir. Seja bem-vinda!

      Excluir
  2. Eu li apenas Seminário dos Ratos e Mistérios. Li um conto num livro de português da escola e gostei muito, mas não revelava o final. Depois disso eu quis ler mais da autora para tentar descobrir o final daquela história, porém descobri que ela deixa em aberto. Isso me decepcionou um pouco, mas não me impediu de gostar muito da autora. Quero ler muito mais da autora, pois a considero uma das maiores autoras brasileiras e estou torcendo muito para que ela traga este prêmio para casa!
    Seu post está maravilhoso, eu confesso que nunca tinha ido procurar sobre a Lygia. Sempre saio do seu blog com um pouquinho a mais de cultura.

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    Respostas
    1. Ah, muito obrigada! Esse foi o comentário mais lindo do mundo! <3
      É sempre muito bom conhecermos os escritores nacionais, sejam eles clássicos ou modernos, consagrados ou ainda iniciantes. Algumas das coisas sobre ela eu não sabia, até ter pesquisado, e me senti muito mais informada depois procurar por tanta coisa para o post.
      A parte mais gratificante de ter um blog é poder pensar que a cada dia eu mudo a opinião de alguém, ou sirvo como um incentivo. Isso é muito gratificante!
      Muito obrigada pelo comentário e pela amizade. Um grande abraço!

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  3. Parabéns pela publicação! Ficou muito bom o texto sobre a Lygia, e claro, a importância em compartilhar informações como essas fora passada de uma maneira muito clara no post.

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