Enfim terminei o novo post da Sessão 10. Como já observei em grupos de leitura, sei que existe, principalmente entre os jovens, uma grande resistência com aqueles livros considerados como "clássicos" da literatura nacional e também mundial. Todos sabem do que estou falando. Aqueles que foram publicados há muito tempo e que, seja pelo seu conteúdo, seja pelo prestígio de seu autor, acabam se tornando famosos e adquirindo certa importância no estudo da literatura, sendo também vistos como símbolos de erudição.
Claro que todos nós já ouvimos falar dos clássicos brasileiros, já os vimos em livrarias e sebos, em edições antigas de capa dura e folhas amareladas, ou edições de bolso, que são muito populares, como as publicações das editoras Martin Claret e L&PM Pocket. São aqueles publicados por escritores consagrados na literatura brasileira, como Machado de Assis, José de Alencar, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Manuel Bandeira, entre outros.
É normal ver muitas pessoas dizerem que não gostam de ler os clássicos, talvez por serem livros de época, por conterem um estilo e vocabulário mais complexo e difícil de compreender. Isso é normal e até mesmo compreensível, mas não é motivo para rejeitar tanto assim os clássicos, que são assim considerados por refletirem um pouco da riqueza e costumes de outras épocas. São leituras muito valiosas, e é por isso que decidi expor aqui alguns fatores que podem mudar a sua opinião.
Então responda, Lethycia, por que ler clássicos?
1. São aquilo que se pode conhecer como os maiores exemplos de literatura em determinado país. Seus autores são consagrados, e suas obras acabaram por influenciar muitos outros escritores através dos tempos, tanto aqueles que viveram na mesma época, quanto os que viveram depois. De certa forma, são os clássicos que fazem com que a literatura vá se aprimorando e renovando, a partir do momento em que um determinado estilo é reproduzido ou modificado;
2. Mesmo que este não seja o conteúdo integral da obra, clássicos geralmente são um reflexo histórico e cultural do momento em que foram escritos. Isto significa que vão trazer implícitos muitos traços daquilo que a sociedade vivia no período de vida do autor. Pode-se notar isso em obras grandiosas como a Ilíada ou A Divina Comédia, que retratam tempos remotos, mas também em obras mais recentes, como é o caso de 1984, escrito após a Segunda Guerra Mundial, que trás grande preocupação com o horror dos regimes autoritários;
3. Os livros clássicos quase sempre têm de ser estudados para as aulas de literatura no Ensino Médio, ou são recomendados para os vestibulares de diversas faculdades públicas. Conhecê-los previamente - isto é, já ter lido alguns deles - pode acabar sendo uma vantagem;
4. A linguagem diferente daquela que usamos hoje em dia pode parecer tediosa e complexa, mas por fim, tendo por perto um bom dicionário, acabamos por conhecê-la, e com algum tempo, nos familiarizamos com ela. Mesmo sabendo que provavelmente não iremos utilizá-la, percebemos o quanto é diversa a nossa língua e, as tais "palavras difíceis" vão aos poucos deixando de ser um desafio em outras leituras;
5. A interpretação de textos é muito mais favorecida na leitura desse estilo, pois grande parte dos livros publicados atualmente têm como público-alvo jovens e adolescentes, mantendo uma linguagem simples, fácil de compreender, com a qual já estamos acostumados. Quando deixamos um pouco de lado as publicações modernas e voltamos nossa atenção para as mais antigas, estamos nos propondo um desafio de compreender textos mais complexos, e assim aprendemos mais rápido a "ler nas entrelinhas";
6. Por serem antigos, os clássicos obedecem a um outro padrão de linguagem, ou seja, estão escritos de acordo com a norma culta. Mesmo que nas falas dos personagens haja um pouco da linguagem coloquial, como é o caso de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a narração será sempre formal. Lendo-os, ganhamos mais intimidade com essa forma de linguagem, que muitos vezes pode trazer dificuldades em algumas situações. Aprendendo a dominar a norma culta, pode se tornar mais fácil ler textos técnicos ou escrever redações e artigos;
7. Você com certeza já deve ter ouvido em outro contexto a frase "Como pode dizer que não gosta, se nunca experimentou?". Pois saiba que essa frase também se aplica aqui. Como rejeitar um estilo, sem conhecê-lo profundamente? Se não tem muito conhecimento acerca dos clássicos, experimente ler alguns, para compreender melhor o estilo, e assim diversificar suas leituras e ampliar sua visão de mundo. Afinal, você ama ler, ou ama alguns gêneros literários? Depois que conhecer, poderá definir se realmente gosta ou não, mas primeiro, procure experimentar.
8. Muitas pessoas acreditam que o novo sempre irá substituir o velho, permanecendo com a eterna (e equivocada) impressão de que aquilo que pertence à sua época será sempre melhor do que tudo o que veio antes. Esse pensamento está completamente errado. Muitos dos clássicos já foram lidos por milhares de pessoas, e continuam sendo até hoje. Talvez o best-seller do mês passado pareça muito atraente, mas o livro centenário contém um entretenimento que não encontra em qualquer publicação;
9. Muitos dos clássicos da literatura trazem consigo reflexões acerca de conceitos e pensamentos universais, que sempre inquietaram a a humanidade. Pode ser que você tenha se impressionado com a questão da juventude e beleza eterna colocada como um conflito secundário na Saga Crepúsculo, mas sabia que o mesmo conflito foi retratado um século antes em O Retrato de Dorian Gray? A Beleza e a juventude são apenas alguns desses conceitos universais que perturbam o espírito humano. Outros conceitos e conflitos estão presentes em muitos livros desse estilo;
10. Com o tempo, você se tornará mais seletivo em suas leituras. Na medida em que conhecerá novos estilos, irá amadurecer e começará a modificar suas preferências, e provavelmente, no futuro, sua lista de leitura não terá mais os lançamentos do ano das principais editoras, pois estes serão substituídos por uma série de livros que você antigamente costumava julgar, e que dizia que "nunca iria ler". Você estará quebrando seus próprios preconceitos.
Apesar do texto longo, espero ter sido capaz de ajudar um pouco a valorizar esse estilo tão rejeitado. Não estou sugerindo que abandonem os autores modernos, pois vários deles são realmente muito bons. Mas, como já disse antes, gosto de incentivar a diversidade na leitura, e esse foi um dos meus objetivos ao criar o blog. Espero que tenham gostado. E agora, que tal conhecer um pouquinho melhor os livros antigos?
Por: Lethycia Dias
4. A linguagem diferente daquela que usamos hoje em dia pode parecer tediosa e complexa, mas por fim, tendo por perto um bom dicionário, acabamos por conhecê-la, e com algum tempo, nos familiarizamos com ela. Mesmo sabendo que provavelmente não iremos utilizá-la, percebemos o quanto é diversa a nossa língua e, as tais "palavras difíceis" vão aos poucos deixando de ser um desafio em outras leituras;
5. A interpretação de textos é muito mais favorecida na leitura desse estilo, pois grande parte dos livros publicados atualmente têm como público-alvo jovens e adolescentes, mantendo uma linguagem simples, fácil de compreender, com a qual já estamos acostumados. Quando deixamos um pouco de lado as publicações modernas e voltamos nossa atenção para as mais antigas, estamos nos propondo um desafio de compreender textos mais complexos, e assim aprendemos mais rápido a "ler nas entrelinhas";
6. Por serem antigos, os clássicos obedecem a um outro padrão de linguagem, ou seja, estão escritos de acordo com a norma culta. Mesmo que nas falas dos personagens haja um pouco da linguagem coloquial, como é o caso de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a narração será sempre formal. Lendo-os, ganhamos mais intimidade com essa forma de linguagem, que muitos vezes pode trazer dificuldades em algumas situações. Aprendendo a dominar a norma culta, pode se tornar mais fácil ler textos técnicos ou escrever redações e artigos;
7. Você com certeza já deve ter ouvido em outro contexto a frase "Como pode dizer que não gosta, se nunca experimentou?". Pois saiba que essa frase também se aplica aqui. Como rejeitar um estilo, sem conhecê-lo profundamente? Se não tem muito conhecimento acerca dos clássicos, experimente ler alguns, para compreender melhor o estilo, e assim diversificar suas leituras e ampliar sua visão de mundo. Afinal, você ama ler, ou ama alguns gêneros literários? Depois que conhecer, poderá definir se realmente gosta ou não, mas primeiro, procure experimentar.
8. Muitas pessoas acreditam que o novo sempre irá substituir o velho, permanecendo com a eterna (e equivocada) impressão de que aquilo que pertence à sua época será sempre melhor do que tudo o que veio antes. Esse pensamento está completamente errado. Muitos dos clássicos já foram lidos por milhares de pessoas, e continuam sendo até hoje. Talvez o best-seller do mês passado pareça muito atraente, mas o livro centenário contém um entretenimento que não encontra em qualquer publicação;
9. Muitos dos clássicos da literatura trazem consigo reflexões acerca de conceitos e pensamentos universais, que sempre inquietaram a a humanidade. Pode ser que você tenha se impressionado com a questão da juventude e beleza eterna colocada como um conflito secundário na Saga Crepúsculo, mas sabia que o mesmo conflito foi retratado um século antes em O Retrato de Dorian Gray? A Beleza e a juventude são apenas alguns desses conceitos universais que perturbam o espírito humano. Outros conceitos e conflitos estão presentes em muitos livros desse estilo;
10. Com o tempo, você se tornará mais seletivo em suas leituras. Na medida em que conhecerá novos estilos, irá amadurecer e começará a modificar suas preferências, e provavelmente, no futuro, sua lista de leitura não terá mais os lançamentos do ano das principais editoras, pois estes serão substituídos por uma série de livros que você antigamente costumava julgar, e que dizia que "nunca iria ler". Você estará quebrando seus próprios preconceitos.
Apesar do texto longo, espero ter sido capaz de ajudar um pouco a valorizar esse estilo tão rejeitado. Não estou sugerindo que abandonem os autores modernos, pois vários deles são realmente muito bons. Mas, como já disse antes, gosto de incentivar a diversidade na leitura, e esse foi um dos meus objetivos ao criar o blog. Espero que tenham gostado. E agora, que tal conhecer um pouquinho melhor os livros antigos?
Alguns dos principais clássicos da literatura mundial, incluindo um brasileiro, Os Sertões, de Euclides da Cunha |
Por: Lethycia Dias
Lethycia, você soube muito bem transpor dez excelentes dicas aos leitores de seu Blog. Amei o texto! E realmente, a literatura clássica é essencial em nossas leituras.
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado. Espero que um post como esse possa servir de incentivo para várias pessoas!
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