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"O que significa ser feminista no século XXI?Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres?Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Meio sol amarelo. "A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente." Chimamanda Ngozi Adiche ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância, Okoloma. "Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: 'Você apoia o terrorismo!'". Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e - em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são "anti-africanas", que odeiam homens e maquiagem - começou a se intitular "uma feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens". Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade.

Autor: Chimamanda Ngozi Adichie
Gênero: Ensaio 
Número de páginas: indefinido*
Data de publicação: 2014* 
Editora: Companhia das Letras
Outros detalhes: O livro foi lido em formato digital e-book Kindle, de maneira que se torna impossível informar o número de páginas e o local de publicação.

A palestra que todos deveriam ter ouvido


Sejamos todos feministas é a adaptação de uma palestra ministrada em 2012 por Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana premiada e reconhecida mundialmente. Ela esteve presente na TEDXEuston, uma conferência anual sobre a África, e escolheu um tema importantíssimo para falar: o feminismo.  Sua ideia ao escolher o tema era desmistificar um pouco o feminismo, e ajudar a quebrar o estigma do adjetivo "feminista", entendido pelo senso comum de maneira estereotipada e pejorativa. A palestra foi aclamada, e mais tarde foi transformada no livro que acabei de ler.
Baixei o e-book pelo site da Amazon, e pelo menos na época, estava gratuito. Não sei porque não o li inteiro de uma vez, e o deixei no arquivo do meu computador junto com vários outros e-books que já havia baixado antes, mas que sempre me esquecia de ler. Como a leitura de Os Miseráveis vem demorando bastante, eu estava sentindo falta de escrever resenhas para o blog, e por isso, decidi ler este livro.
Trata-se de um ensaio, isto é: um texto curto, geralmente poético ou didático, que expõe ideias, críticas e reflexões filosóficos. Dessa forma, Chimamanda nos conta quando foi a primeira vez em que foi chamada de feminista, como as pessoas em seu país enxergam o feminismo, e como a desigualdade de gênero acontece na Nigéria. A partir das coisas que ela nos conta, tive noção de que (pelo menos nesse sentido) lá o comportamento social das pessoas é muito parecido com o das pessoas aqui no Brasil. Ela nos fala que lá, o ideal é que o casamento seja a coisa mais importante na vida de uma mulher, enquanto para os homens não é tão necessário assim; lá, as mulheres se preocupam com as roupas que estão usando, com medo de não serem respeitadas; há lugares em que uma mulher não pode entrar, a não ser que esteja acompanhada por um homem; lá, as meninas são ensinadas a serem delicadas e calmas, enquanto os meninos devem ser duros, não chorar, não ter medo, enfim, provar sua masculinidade. Essas, além de outras coisas contadas por Chimamanda, são muito parecidas com certas situações que acontecem no Brasil. Um bom exemplo disso é nos lembrarmos que aqui no Brasil, mulheres são julgadas em qualquer lugar aonde vão de acordo com as roupas que vestem; aqui, as pessoas não aceitam muito bem que uma mulher não queira se casar e ter filhos, enquanto com um homem acontece o contrário: se ele tem um filho, mas não quer viver com a mãe da criança e nem ser responsável pela criança, está tudo bem.

"Ensinamos que, nos relacionamentos, é a mulher quem deve abrir mão das coisas.
Criamos nossas filhas para enxergar outras mulheres como rivais [...].
Elogiamos a virgindade delas, mas não a dos meninos."

Feminismo é um assunto imediatamente polêmico. Muitas vezes, as pessoas preferem formar suas opiniões sobre determinada coisa a partir do senso comum, a partir de algo sem fundamento que alguém afirmou, ao invés de pesquisar um pouco a respeito, para poderem pensar por si mesmas. As pessoas em geral sabem muito pouco sobre feminismo. Pensam que uma feminista é contra a família, que odeia os homens, que quer ser superior. E na verdade, é exatamente o contrário! As ideias principais do feminismo dizem que mulheres não devem ser inimigas, e que podem fazer o que quiserem. E isso inclui dar prioridade à carreira profissional, ou cuidar da família; usar maquiagem ou não; se casar ou não; fazer sexo antes do casamento ou não; ter filhos ou não. O importante mesmo é que a mulher tenha a escolha. E isso não tem nada a ver com querer ser superior aos homens. Queremos apenas ter as mesmas liberdades que eles têm.
O ensaio de Chimamanda nos explica um pouco sobre isso, mostrando como a sociedade tem dois pesos e duas medidas de acordo com o gênero, e contando como isso influencia a vida das pessoas, prejudicando mulheres e homens. Sim, homens também são prejudicados pelo sexismo. Um exemplo disso é o incentivo para que um homem seja mulherengo. Caso não seja, sua masculinidade é questionada. Mas é válido lembrar que a desigualdade de gênero prejudica muito mais as mulheres.
Veja abaixo alguns trechos do livro. Clique nas imagens para ampliá-las:




Quanto à estrutura do livro, é simples. É um livro bem curto, tendo 64 páginas na versão impressa. A versão digital parece menor ainda, pelo menos na forma que eu ajustei o tamanho da fonte. O Kindle permite marcar trechos, como vocês podem ver nas imagens, e permite também alterar a cor das "páginas". No meu computador, os livros têm sempre páginas amareladas. O livro conta com uma introdução curta, onde Chimamanda nos explica sobre a palestra, e depois disso o texto segue até o fim, onde encontramos um pouco sobre a vida dela e sobre seus outros livros publicados no Brasil pela Companhia das Letras. A linguagem é muito acessível, e pode ser compreendida por qualquer um.
Gostei muito da maneira como a autora se faz presente no texto. Ela consta suas experiências, sua maneira de compreender o mundo, e isso nos aproxima da leitura. A única coisa que me desagradou foi a ausência de notas de rodapé, explicando certas coisas próprias da cultura nigeriana, por exemplo, quando Chimamanda menciona a "cultura Igbo", e não há uma explicação para que o leitor saiba do que se trata. Creio que tenha sido uma falha da editora.
Recomendo o livro para qualquer pessoa que goste de livros curtos, e também para quem está conhecendo o feminismo agora, ou para quem deseja conhecer o movimento (e isso é válido para homens e mulheres).

Aspectos positivos: desconstrução de diversos estereótipos relacionados ao feminismo; uso de exemplos da desigualdade de gênero que podem gerar identificação para quem lê; as experiências da autora mencionadas no livro geram empatia com o leitor; a linguagem simples facilita o entendimento; por ser curto, o texto pode ser lido rapidamente.
Aspecto negativo: a ausência de notas de rodapé que expliquem certos termos e expressões utilizados pela autora pode confundir o leitor.

Por: Lethycia Dias

8 Comentários

  1. Sensacional! Amei a indicação, tava mesmo procurando hahah

    https://20anosblue.wordpress.com/

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    1. Muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado, e espero possa ler o livro! :)

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  2. Oi Lethycia... Te indiquei pra uma TAG, passa lá no meu cantinho pra conferir!

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  3. Este livro TODOS deveriam ler! É sensacional, uma das leituras que mais agregou na minha vida este ano :D
    Adorei a resenha, parabéns!

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    1. Foi exatamente assim que pensei quando terminei de ler, Bia. O título faz jus à obra. Muito obrigada!

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  4. Nossa, quero muito!! Adoro entender novas culturas! Sabe que quando você falou sobre mulher não poder entrar em determinado lugar sem o homem não encontrei uma proibição legal, mas lembrei de ambientes "masculinos" como bares, oficinas mecânicas e obras. Em qualquer lugar desses uma mulher sozinha é assediada e até mesmo enganada. Triste isso...

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    1. Olá, Lívia. Acho que eu não soube me expressar bem quando falei disso. É que no livro, a Chimamanda de lugares assim, baladas por exemplo, onde mulher só entra acompanhada. Mas acho que ficou uma ambiguidade, dando a entender que acontece aqui no Brasil também. Mas o que você lembrou é bem verdade. Nos lugares "masculinos", nós estamos sujeitas a qualquer tipo de situação desagradável.

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