"Yoko sempre teve uma vida boa e estável, participava da organização do Festival Cherry Blossom, tinha amigos com quem contar na escola, tocava violino e estava treinando para fazer parte da orquestra da Juventude de Macon quando tudo começou a dar errado. Seu pai se envolveu num grave acidente, que acabou matando um pai de família, e foi parar na prisão. Sem a referência paterna, e com todos os problemas financeiros que se acumulam, o distanciamento da mãe, Naomi, que está a cada dia mais se afundando em trabalho, Yoko vê o que sobejou de sua família, totalmente desestruturado. Em meio à dor da perda, Yoko conhece Aidan Hirsch, um garoto que parece tão desestruturado quanto ela, taciturno e solitário, e que é capaz, acima de tudo, de não julgar, simplesmente ouvir. Aos poucos, um sentimento singelo e inefável ganha forma, surgindo uma história delicada de autoconhecimento, arrependimento, culpa e superação que poderá mudar a vida desses adolescentes se assim escolherem."
Autora: Alana Gabriela
Gênero: Romance
Número de páginas: 319
Informações adicionais: Obra cedida pela autora de forma digital; publicação independente.
Florescer e amadurecer
Conheci o livro Flor de cerejeira por meio de um pedido de resenha que recebi no e-mail do blog. A mensagem já estava lá havia alguns dias, mas eu só a vi no mesmo dia em que recebi o pedido da Patricia Fagundes, ou seja, no dia 05 de junho. Naquela primeira mensagem, a autora me explicava tudo: estava avaliando oportunidades de publicação com diversas editoras, mas já havia disponibilizado o livro na Amazon, e queria criar um público para o livro; por isso, estava entrando em contato com blogueiros e solicitando resenhas. Eu aceitei. E quando consegui me organizar, iniciei a leitura e rapidamente terminei. E tenho muita coisa para falar sobre esse livro.
A protagonista dessa história delicada é Yoko, uma garota descendente de japoneses que vive na cidade de Macon, no estado da Geórgia, na costa leste dos Estados Unidos. Seus avós (tanto paternos quanto maternos) deixaram o Japão, porém mantiveram suas tradições nativas. Ela gosta de tocar violino e de praticar jardinagem, e tem uma relação especial com a árvore da cerejeira, que é muito cultivada na cidade de Macon. Porém, Yoko e sua mãe Naomi estão enfrentando um momento difícil. O pai de Yoko foi condenado por assassinato, deixando a esposa e a filha com problemas financeiros, e Yoko tem sido rejeitada e maltratada na escola e na vizinhança.
Yoko perdeu a maior parte de seus amigos, abriu mão de coisas que gostava e tem sofrido muito com a ausência do pai. Além disso, a maneira como as pessoas passaram a tratá-la é cruel e faz com que se sinta culpada por algo que não era sua responsabilidade. Porém, quando ela conhece Aidan, o garoto solitário da turma de quem todos parecem ter medo, sua realidade começa a ficar mais suportável. Juntos, os dois descobrem que aquilo que as outras pessoas afirmam sobre nós é só uma faceta da nossa personalidade, que não expressa tudo aquilo que somos.
Yoko sofre muito com a crueldade dos colegas na escola, que passaram a tratá-la diferente após os acontecimentos com seu pai. Algumas pessoas a magoam de outras formas, pois passam a sentir pena pela situação que ela e a mãe enfrentam.
Yoko sofre muito com a crueldade dos colegas na escola, que passaram a tratá-la diferente após os acontecimentos com seu pai. Algumas pessoas a magoam de outras formas, pois passam a sentir pena pela situação que ela e a mãe enfrentam.
"Chego à conclusão que todos com quem eu andava eram falsos,
no momento que eu mais precisava eles não só viraram as costas para mim,
como também começaram a me olhar feio e me denegrir porque sou filha de quem sou.
Filha de um assassino."
Página 34.
Agora, precisamos problematizar essa leitura.
Quando li a sinopse do livro, fiquei muito interessada pela história, apesar de eu não ler livros digitais e de não gostar muito de romances. Logo no início, tive uma pequena decepção com o livro, pois o texto enviado pela autora, em PDF, estava repleto de erros de todos os tipos: erros de ortografia e de pontuação. E de vez em quando, havia também palavras equivocadas, algo que acontece quando pensamos que a palavra tem um significado, mas não conferimos no dicionário e a usamos mesmo assim. Entretanto, a fonte estava em tamanho grande, o que de certa forma facilitou a leitura pela tela do celular.
Ignorando os erros, avancei na leitura. Logo quebrei minha resistência, percebendo que havia elementos muito agradáveis na história. A autora soube muito bem como adaptar a realidade de Yoko para que ela parecesse uma descendente de japoneses. A mãe de Yoko, Naomi, é uma paisagista e entende muito de plantas, e sabe preparar pratos típicos japoneses. O pai dela sabe muito sobre as cerejeiras, e Yoko tem muitas lembranças de seu pai a ensinando a cuidar dessas lindas árvores. Além disso, Yoko sabe fazer origami e sempre tenta compreender a vida de acordo com provérbios japoneses, resgatando a sabedoria de seu povo. Nesse aspecto, o livro me surpreendeu, pois Alana deve ter pesquisado bastante para poder escrever sobre tudo isso. A arte da capa e das primeiras páginas também vai muito de acordo com a atmosfera criada pelo história, e cada capítulo inclui uma pequena ilustração muito bem feita. Fiquei muito atenta a isso, e gostei bastante da aparência do livro.
Conforme avancei na história, acabei me afeiçoando aos personagens, e entendendo que essa não era só mais uma história de adolescentes, da garota que faz com que o cara durão se transforme em uma pessoa legal (pois essa foi a primeira impressão que eu tive). Conhecer Aidan não foi uma surpresa apenas para Yoko, mas também para mim. O romance que surgiu entre os dois foi muito bonito e simples, e aconteceu de forma natural.
Por outro lado, porém, enxerguei alguns problemas. Em primeiro lugar, os diálogos entre os personagens me incomodaram um pouco. Achei que de vez em quando as conversas não soavam naturais, não eram autênticas, não parecem ser o tipo de coisa que uma pessoa de verdade diria. Em certa ocasião, notei um diálogo em que uma criança pequena fala como gente grande, de um jeito que uma criança com certeza não falaria, mesmo se convivesse apenas com adultos.
Enquanto lia, eu me dei conta de que a escrita de Alana ainda não está muito madura. A escrita dela me fez lembrar de um romance que escrevi quando era muito nova e muito inexperiente, e que desisti de publicar por medo. A desistência me pareceu ruim na época, mas depois eu descobri que aquilo me fez bem, porque tive tempo suficiente para enriquecer minha bagagem de leituras e melhorar meu trabalho. E sei que ainda preciso aprender muito mais. Eu enxerguei a Lethycia de seis atrás na narrativa de Flor de cerejeira, e espero que a Alana possa aprimorar sua escrita.
Em resumo, eu gostei da história e dos personagens. Quando quebrei a minha primeira impressão sobre tudo, eu passei a gostar muito da leitura, e por isso avancei rapidamente. Entendam, eu precisava ser sincera nessa resenha. A ideia de Alana foi maravilhosa, e tinha tudo para render um livro muito bom, se ela tivesse escrito de outra forma.
Eu recomendo esse livro para quem gosta de protagonistas adolescentes, para quem gosta de romances, e para quem gosta de histórias delicadas.
Aspectos positivos: o enredo é interessante e os personagens cativam o leitor; a autora mostra ter feito pesquisas adequadas sobre a cultura japonesa, especialmente sobre a cerejeira; as artes da capa, das páginas iniciais e dos inícios de capítulo são muito bonitas.
Aspectos negativos: o texto contém muitos erros de escrita; os diálogos não parecem naturais.
Por: Lethycia Dias
Oi, Lethy!
ResponderExcluirQue bom que, no final das contas, você gostou da história. Esse livro não foi o meu primeiro contato com a Alana, mas me surpreendeu muito porque é beeeem diferente do que ela costuma escrever.
Beijos
Balaio de Babados
Oi, Luiza!
ExcluirEu nunca tinha lido nada da Alana, mas averiguei o perfil dela na Amazon e no Skoob e notei que ela tem várias outras histórias publicadas. Eu reparei que ela citou seu nome nos agradecimentos, e achei legal saber que ela confia nas suas opiniões como blogueira!
Foi mesmo muito legal ter insistido na história, apesar dos problemas que encontrei.