"Crônicas de Redenção reúne contos da saga homônima que respondem e complementam fatos de Redenção - livro um: Legionella tais como: qual foi a última guerra na terra e como conquistamos a paz? Ou, quem são os metrovinos e como fieram para sobreviver? Ou, ainda, como foi a infância do bioterriorista Valker Kipsang. Mas Crônicas pode ser lido de forma independente em relação ao livro que inicia a saga. Se lido antes servirá de introdução a esta. Se lido depois, ajudará a compreender alguns faros enriquecendo o conhecimento do universo criado por Costa. Além de entreter, a obra de M. A. Costa leva o leitor a refletir sobre a essência humana e os caminhos que a humanidade insiste em seguir, apesar de sua privilegiada capacidade de evolução como espécie de nós como indivíduo."
Autor: M. A. Costa
Gênero: Contos
Número de páginas: 194
Informações adicionais: publicação independente; obra cedida pelo autor.
Boas ideias e mau desenvolvimento
Crônicas de Redenção foi o último dos livros enviados pelo autor que li recentemente. Trata-se de uma coletânea de contos que complementam o livro Legionella, primeiro volume da Saga Redenção, que ainda está em processo de escrita. Como diz a sinopse, pode ser lido antes ou depois da leitura de Legionella, e este foi o desafio que eu aceitei.
O livro é composto por oito contos ambientados em um mundo distópico, séculos no futuro, em que a humanidade enfrenta diferentes situações. Se por um lado, houve um grande avanço da tecnologia, por outro, essa mesma tecnologia pode ser ainda mais nociva do que acreditamos; embora as relações de diplomacia entre os países estejam mais tranquilas, ainda imperam a traição e a tirania; e, mesmo após tanta evolução, a humanidade ainda não é capaz de controlar as forças da natureza. Este poderia ser um resumo geral do conteúdo do livro, mas ainda é necessário falar sobre cada um dos contos.
Dividido em duas partes, Fim da Guerra revela a maneira pela qual o mundo retratado em Legionella alcançou a paz entre as nações. Mas, ao contrário do que as pessoas acreditam, isso não aconteceu de forma pacífica, e nem de um dia para o outro. Valker é uma parte da história do vilão de Legionella. Em Metrovinos: A Origem, o metrô de Xangai é destruído durante um grande terremoto, e os sobreviventes desse desastre, presos em túneis subterrâneos, precisam se unir para permanecer vivos. As histórias que se seguem, Metrovinos: Destino, Metrovinos: Sobrevivendo e Metrovinos: Invasão descreve a forma como os sobreviventes de tal desastre e seus descendentes permaneceram vivendo debaixo da terra, até constituírem uma civilização autônoma, que manteve, pela tradição oral, um grande rancor pelos habitantes da superfície. Em Jay e Bug, um menino metrovino, nascido no escuro, descobre uma passagem para a superfície, e a partir de então sua vida estará modificada para sempre. E o livro conta, ainda, com uma versão em inglês de Metrovinos: Origem.
O universo distópico que conhecemos Crônicas de Redenção é extremamente interessante, e embora aconteça no futuro, reflete muitas das preocupações presentes no mundo atual.
"No centro da Cidade Velha o tremor veio como um dragão furioso acordando que,
descobrindo estar acorrentado, rugiu e rasgou a terra
para dar espaço a sua escapada."
Metrovinos: A Origem. Página 74
Ler o spin-off de uma série sem ter lido a série é um grande desafio, mesmo que seja possível compreender as histórias sem conhecer o universo no qual essas acontecem. Durante a leitura dos dois primeiros contos de Crônicas de Redenção (Fim da Guerra - partes 1 e 2), eu ainda estava tentando compreender esse mundo futurístico. Conforme avançava, a leitura se tornou mais rápida. E, embora eu tenha considerado a ideia de M. A. Costa extremamente original e relevante, encontrei diversos problemas no livro.
As histórias sobre a sociedade metrovina são, de longe, as mais interessantes. Enquanto descobria como os sobreviventes de um terremoto foram obrigados a viver debaixo da terra e passaram a constituir uma civilização organizada, socialmente e biologicamente diferente dos seres humanos habitantes da superfície, eu me peguei relembrando de alguns textos da área da Antropologia que precisei ler para a faculdade. E embora muito daquilo fizesse sentido, outros aspectos não eram assim tão verossímeis.
Em determinado momento, no conto Metrovinos: Invasão, o leitor é informado sobre a existência de um hospital em uma das antigas estações subterrâneas do metrô, que funcionaria de forma semelhante aos hospitais que conhecemos: "É precário, mas tem material básico como gazes, antissépticos e antibióticos." (Pág. 138). Os Metrovinos, embora descendentes de humanos que um dia viveram em um ambiente tecnológico, vivem de forma primitiva no ambiente em que estão inseridos. Eu não imaginar como seria possível a produção de tais elementos em ambiente hostil, coberto de entulho, sem acesso a materiais naturais para a produção de medicamentos e sem contato com a superfície. A história não fornece explicações sobre como isso foi possível.
No conto Jay e Bug, também não me pareceu muito compreensível o encontro de uma passagem para a superfície. O menino metrovino, acompanhado por seu cachorro, sai para a superfície passando por um buraco. Eu não compreendi como aquele buraco poderia estar ali sem que ninguém nunca tivesse decidido descer, encontrando o submundo. O mesmo garoto que sai para a superfície havia nascido debaixo da terra e nunca havia visto luz natural. A evolução biológica dos metrovinos fez com que se tornassem albinos, além de passarem a ter boa visão no escuro, mas tornando-se cegos sob luzes fortes. Esse garoto, ao se deparar com o mundo dos seres humanos comuns, se vê maravilhado com a luz do sol e com tudo que vê ao seu redor, e eu acredito que isso não deveria acontecido - a luz que ele nunca vira deveria ter sido um grande incômodo para seus olhos e sua pele.
Sei que contos são histórias curtas. Entretanto, acredito que as histórias dos metrovinos, por descreverem algo tão incomum e excepcional, deveriam ter sido escritas com mais atenção e detalhes, para que o leitor pudesse compreender de forma completa todo o processo de surgimento dessa nova civilização. Creio que tudo isso poderia ter sido explorado de forma bem mais profunda, possibilitando um envolvimento maior do leitor com a história. Tudo foi contado de forma rápida, o que fez com que esse enredo perdesse parte de seu potencial.
Além de todos esses pontos, o texto ainda conta com muitos erros de pontuação, que para mim foram um incômodo. Em diversos trechos, podemos encontrar palavras presentes no meio da linha, porém com sílabas separadas, como se estivessem escritas no fim da linha. Creio que isso tenha sido um problema devido à publicação original em formato digital. E no conto Metrovinus: Sobrevivendo, há uma situação em que os personagens precisam caçar ratos, e em dois momentos, nas páginas 121 e 124, a narração se refere aos ratos utilizando o termo "ruminantes", quando creio que na verdade a intenção era chamá-los de roedores.
De maneira geral, é um livro com uma proposta muito boa, porém cheio de problemas na escrita e no desenvolvimento das histórias. Recomendo a leitura apenas para quem já conhece Legionella e gostou do universo da série.
Aspectos positivos: o enredo é original e muito interessante; por ser um livro pequeno, pode ser lido rapidamente; oferece explicações sobre elementos da série Redenção, e pode ser atrativo para os fãs da série.
Aspectos negativos: o desenvolvimento das histórias apresenta problemas de lógica; as histórias, por acontecerem de forma rápida, deixam de apresentar detalhes sobre os quais o leitor poderia se questionar; há erros de escrita.
Avaliação geral:
Por: Lethycia Dias
Não achei uma história muito interessante. Mas talvez um dia eu leia.
ResponderExcluirbeijos
www.bemvindaaos18.wordpress.com
Eu me decepcionei bastante com a leitura. Não recomendo.
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