Confira!


"Dos pântanos que cercam a prisão de Dartmoor, um animal fantasmagórico espalha terror. Alucinação coletiva? Um monstro de verdade surge da noite dos tempos? Manipulação e sombria vingança? Os cadáveres de multiplicam. O fiel Dr. Watson confessa-se vencido, mas Holmes enfrenta o desafio e desvenda o enigma em condições aterradoras.
Sir Arthur Conan Doyle nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 1858, e morreu em Cowborough (Sussex), Inglaterra, em 1930. Médico especialista em oftalmologia, criou o detetive Sherlock Holmes, cuja primeira aventura (Um estudo em vermelho) foi publicada em 1887 pela revista Cornhill Magazine. Rapidamente, o detetive e seu assistente Dr. Watson tornaram-se um verdadeiro fenômeno internacional, consagrando seu autor como o criador do maior personagem dos romances policiais de todos os tempos."







Autor: Sir Arthur Conan Doyle
Gênero: Policial
Número de páginas: 208
 Local e data de publicação: Porto Alegre, 2013
Tradução: Rosaura Eichenberg
Editora: L&PM

O maior detetive de todos os tempos


Sherlock Holmes é um daqueles personagens cuja fama dispensa qualquer explicação. Por isso, todos o sabem de quem se trata, mesmo ser terem lido suas aventuras. É assim também com Cleópatra, com Harry Potter, com Hércules. Todos já ouviram falar deles. E assim, para alguém que lê pela primeira vez um dos livros de Conan Doyle com o objetivo de resenhá-lo, torna-se muito mais difícil estabelecer um juízo de valor, devido à imensa fama e à aura de adoração que cercam Holmes. Eu sempre tive a curiosidade de conhecer as histórias de Sherlock Holmes, e enquanto lia, tive essa dificuldade.
Em sua aventura mais famosa, que segundo a página da Wikipédia deu origem a mais de 24 adaptações para o cinema, Holmes e Watson devem investigar a morte de Sir Charles, homem rico e solitário que vivia sozinho no solar Baskerville, no condado de Devon. A região é rural, e na pequena vila próxima à imensa propriedade, a população, muito supersticiosa, acredita na lenda de Hugo Baskerville, um antepassado de Sir Charles, supostamente morto pela aparição sobrenatural de um cão imenso e selvagem, que de tempos em tempos retornaria para matar todo Barskeville que se aproximasse do local. Henry Barkerville, o único herdeiro das terras, da mansão e da fortuna de Charles viaja em direção à Inglaterra para receber o que lhe de direito, e o detetive é convocado em Londres para ao mesmo tempo desvendar as verdadeiras circunstâncias da morte de Sir Charles e proteger Henry de um potencial perigo, seja ele sobrenatural ou humano. Não acreditando na lenda da família, John Watson investiga ao máximo o caso, e ainda assim, tudo parece indicar que realmente possa existir um cão infernal na charneca que circunda o Solar e a cidade, e apesar disso, Holmes não deixa de lado sua racionalidade e seu método científico, para no fim desvendar todo o mistério de forma surpreendente.
Meu primeiro desafio nesta leitura foi – enquanto o mistério se apresentava já nas primeiras páginas – desvendar a personalidade do próprio Sherlock Holmes. O detetive mais famoso da literatura e do cinema possui talentos e conhecimentos incomuns. Exímio observador, é habilidoso em boxe e esgrima, é um bom violinista, entende de literatura sensacionalista, anatomia, química, geologia e botânica.* Embora alguns desses conhecimentos sejam importantes para um detetive, outros são bons exemplos de sua excentricidade. Holmes é, em outras palavras, um homem incomum. O personagem do filme estadunidense-alemão interpretado pelo ator Robert Downey Jr. (O Homem de Ferro), lançado em 2009, é fiel ao Holmes de Conan Doyle: sempre muito racional, planeja todas as suas ações, o que por vezes acaba frustrando seu amigo Watson, pois por cautela, ele nunca revela seus planos por completo. Além disso, sua inteligência o torna arrogante (Watson se ressente um pouco por isso), e mesmo assim, o leitor acaba admirando-o desde o início.
Temos como personagens importantes o Dr. Mortimer, médico do falecido Sir Charles; o casal de criados de sobrenome Barrymore, cuja família trabalha no solar Baskerville há várias gerações; e o Sr. Stapleton e sua bela vizinha, que vivem na charneca e são os vizinhos mais próximos do Solar. No início, todos parecem, de certa forma, um tanto quanto suspeitos, e ao mesmo tempo em que Watson descobre coisas importantes que desviam suas suspeitas de cada um deles, outros acontecimentos suspeitos surgem, apenas para confundi-lo. Existe ainda um caráter sombrio, e a figura do cão do inferno é invocada na narrativa em momentos aleatórios, deixando ainda mais dúvidas sobre a natureza do perigo que cerca Sir Henry.

"É que em cima de Hugo, puxando sua garganta, estava uma coisa hedionda,
uma grande besta negra que tinha a forma de um cão,
embora fosse maior do que qualquer cão
já visto pelos mortais."
Página 21

Talvez o mais fascinante de toda a história – e que eu pretendo encontrar nas outros aventuras de Holmes que ainda vou ler – seja o método de investigação científico, e a dedução baseada na lógica, que salta as olhos da primeira à última página (sem exagero). A cada nova descoberta, temos uma prova de motivo pelo qual este personagem consagrou para sempre Sir Artur Conan Doyle e transformou o endereço 221B da Baker Street num dos endereços mais famosos de Londres, que hoje abriga um museu  em homenagem a Sherlock Holmes.
A narrativa não se torna arrastada em nenhum momento, pois sempre surge um ponto relevante quando menos esperamos. Talvez haja apenas uma frustração para o leitor que, assim como eu, irá ler Sherlock Holmes pela primeira vez: a história é contada por John Watson. E mesmo que este seja um aspecto negativo, talvez tenha também um objetivo, que para mim seria tornar Holmes ainda mais interessante, visto que nós o conhecemos somente pelo ponto de vista de Watson, e que só temos acesso aos seus pensamentos quando ele mesmo os revela.
Essa é, sem dúvida, uma história envolvente, que recomendo para todos aqueles que gostam da literatura policial; para aqueles que têm vontade de conhecer as aventuras de Holmes; e para quem gosta de um bom mistério.

Aspectos positivos: a narrativa permanece sempre interessante; o método dedutivo está presente do início ao fim; os conhecimentos científicos são colocados acima das superstições para a investigação do mistério.
Aspectos negativos: presença de alguns termos em francês, como "tête-à-tête", que exigem pesquisa para serem compreendidos; narrativa feita pelo Dr. Watson; ausência de Holmes durante grande parte da história.

Por: Lethycia Dias

* As habilidades e os conhecimentos de Sherlock Holmes descritos nesta resenha não são todos revelados em O cão dos Barskerville. O link indicado no terceiro parágrafo do texto leva a uma página da Wikipédia, onde essas e outras características estão indicadas.

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